O artista multifacetado Álvaro Neto encontrou no Palhaço Patrão não apenas um personagem, mas uma forma de dar vida a uma identidade artística que transcende fronteiras. Embora nascido em Brasília, no coração do Distrito Federal, Patrão tem a alma vibrante e acolhedora do Entorno. Sua arte reflete o espírito das comunidades que o inspiram, levando alegria tanto para os grandes centros quanto para as cidades vizinhas, onde a tradição circense e teatral pulsa forte no imaginário popular.
Criado em 2008 para uma apresentação no Dia das Crianças, o Palhaço Patrão ganhou nome e essência graças a um grupo de crianças órfãs da capital. O batismo carrega uma crítica social implícita, contrastando o riso inocente dos pequenos com a seriedade da palavra “patrão”, um símbolo de poder e autoridade. Desde então, Patrão tornou-se mais do que um personagem: é um símbolo de resistência artística e amor à cultura popular, encantando plateias em diversas cidades, do DF ao Entorno.
Inspirado por mestres como Chaplin, Jerry Lewis, Oscarito e pelo saudoso Palhaço Patusko – de Lowry Landi, seu grande mentor –, Patrão combina mímica, música, dança e improvisação para criar um espetáculo dinâmico e acessível. Seja diante de algumas pessoas ou de um público de milhares, sua arte se ajusta ao ambiente, proporcionando uma experiência única para cada espectador.
Arte sem fronteiras
Com forte influência do cinema mudo, do teatro e das HQs, Patrão incorpora referências que vão desde a comédia clássica de O Gordo e o Magro até o humor irreverente de Chaves e Chapolin. Sua maquiagem, com traços marcantes em preto e branco, remete à escola do grande mímico Marcel Marceau, enquanto seu figurino, composto por ternos e suspensórios, homenageia os palhaços franceses.
No entanto, o diferencial de Patrão está na sua essência: um palhaço que interage com o público de forma espontânea, brincando com as situações do dia a dia sem recorrer a ofensas ou palavrões. Ele leva o espetáculo para onde o povo está, seja em festas, eventos ou em projetos sociais, trazendo a magia do circo para aqueles que mais precisam de sorrisos.
Caminho Adiante
Durante mais de uma década, Patrão formou uma dupla inesquecível com Patusko, o personagem de Lowry Landi. Juntos, resgataram elementos da Commedia dell’Arte, combinando a figura do Doutore (Patrão) com a do Arlequim trapalhão (Patusko). Suas apresentações encantavam crianças e adultos, trazendo leveza e encanto para qualquer cenário.
A partida de Lowry Landi em junho de 2022 deixou um vazio, mas também reforçou a missão de Álvaro Neto de manter viva a tradição do palhaço Patrão. Como seu mentor lhe ensinou, o espetáculo deve continuar, levando alegria a novas gerações e fortalecendo o legado da arte circense no Brasil.
Hoje, Patrão segue encantando públicos do Distrito Federal e do Entorno, com o compromisso de preservar e inovar a tradição que recebeu. Seu coração pode estar em Brasília, mas sua alma, definitivamente, pertence ao povo das cidades vizinhas, onde o circo, a arte e o riso sempre encontram espaço para brilhar.