Mulheres vítimas do Essure começam a brigar por seus direitos na justiça

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Dra. Lisandra comanda uma batalha em defesa das mulheres vítimas do Essure. Foto: Bruno Costa

Indignação, revolta e desespero tomaram conta de milhares de mulheres vítimas do Essure. Muitas são moradoras do Entorno e Distrito Federal. O PERFILDOS MUNICÍPIOS foi procurado pela professora de geografia Maria Nancy,* que relatou diversos problemas graves de saúde após ter implantado em 2009 em um hospital da rede pública do DF o método contraceptivo denominado “Essure” que foi adotado pelo SUS em 2009.

Os relatos da educadora são assustadores. “O Essure parecia trazer a solução ao trauma da laqueadura que é uma cirurgia invasiva e o produto importado consiste de duas molinhas de quatro centímetros feitas de aço inoxidável, fibras de tereftalato de polietileno (PET) e cobertas por uma liga metálica de níquel e titânio – posicionadas uma de cada lado-, na passagem que liga as trompas ao útero. As ‘molas’ impediriam o caminho do óvulo até o colo do útero e, assim, evitariam a fecundação. Tudo sem dor e sem complicação”, conta Maria.

A advogada Lisandra Bonansea, sócia do escritório Sá & Bonansea Advogados Associados vem atendendo vítimas do Essure, lembra que o drama vivido pela professora reflete a realidade de outras mulheres que estão sofrendo, depois que passaram a usar o Essure.

A advogada conta que o método foi proibido pela ANVISA –Agência Nacional de Vigilância Sanitária -, em 2017, e cancelado no ano de 2018. “Porém deixou sequelas em um número ainda não totalmente calculado de mulheres, que foram vítimas desse enfim revelado engodo”, destaca a jurista especialista em defender mulheres que foram submetidas ao método.

Doutora Lisandra também conta que as vítimas descobriram, agora, que enquanto eram implantados nas mulheres brasileiras, nos EUA e Europa, o Essure era combatido e até banido.

Outra revelação espantosa da advogada, que tem escritório em Valparaíso de Goiás, mostra o drama das vítimas: “a retirada do dispositivo implica até em histerectomia total, ou seja, a retirada de todos os órgãos reprodutivos dessas mulheres que ficarão definitivamente impedidas de se tronarem mães.’

 

Sintomas dos problemas relatados por quem utilizou o Essure:

 

* Dores na Região Pélvica;  * Dores no Pé da Barriga; * Sangramento Excessivo;
* Corrimento com mal cheiro; * Endometriose; * Adenomiose; * Dor na Lombar; * Dor nas Pernas; * Dores de cabeça; * Dores nas articulações; * Tremores; * Náuseas; * Fadiga;  * Gravidez indesejada; * Perfuração do Útero; * Depressão; * Dores no peito; * Perda de Libido (apetite sexual); * Perda de cabelo; * Ovulação Dolorosa; * Tonturas; * Sensação de Formigamento; * Esquecimento; * Ansiedade; * Mudanças de Humor; * Ganho de Peso; * Enfraquecimento dos Dentes; * Manchas na Pele; e * Problemas de Visão.

Além da advogada defensora das mulheres vítimas do Essure, a reportagem também ouviu especialistas da área médica. Todos relatam absurdos sobre o método, contraceptivo.

Na opinião da advogada a União por meio do SUS e da ANVISA, o GDF por meio da Secretaria de Estado de Saúde e o fabricante do dispositivo podem sofrer processos de indenização por danos morais, e em alguns casos até materiais, bem como devem custear a retirada do dispositivo, e todo o tratamento pós-operatório.

“O que aconteceu foi extremamente grave, e a resolução do problema precisa caminhar com muito mais agilidade, temos relatos e a comprovação de muito sofrimento dessas mulheres que foram vítimas da negligência do Estado, elas acabaram que foram usadas sem suas autorizações praticamente como cobaias. Logo são cabíveis as devidas compensações”, comentou enfaticamente Bonansea.

Para preservar e evitar mais sofrimentos, o PERFIL DOS MUNICÍPIOS não divulga o nome verdadeiro da professora vítima do Essure. Maria Nancy é um nome fictício de uma história real, cruel e grave.

 

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