Paróquia apoia investigação sobre casos de abuso a crianças no DF

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O homem apontado como o maior pedófilo da história do Distrito Federal atuou dois anos como voluntário da Paróquia Divino Espírito Santo, no Guará 2. Deixou a função de catequista em fevereiro. Tempo suficiente para ampliar a lista de vítimas, iniciada no ambiente familiar e estendida a escolinha de futebol, de acordo com a investigação da  4ª Delegacia de Polícia (Guará).

Ao menos 17 crianças entre 4 e 12 anos foram abusadas por José Antônio Silva durante 25 anos, segundo os investigadores. As vítimas que registraram a denúncia apontam mais alvos do homem de 47 anos. Delegado responsável pelo caso, Douglas Fernandes afirma que as investigações não chegam a crimes dentro da igreja, que, segundo ele, servia como espaço para o homem se aproximar das vítimas.

“Testemunhas relatam que José Antônio estava sempre rodeado de crianças. Ele buscava locais propícios a isso, com voluntariado. Não trabalhava, vivia às custas da ex-mulher e dos pais. Sem nenhum registro criminal, ele não transparecia ser quem é. Conquistava a confiança com calma, abusando da inocência dos meninos e da boa-fé dos pais deles”, comentou Douglas Fernandes. Apenas uma das vítimas confirmada é do sexo feminino. Trata-se de uma menina da família do acusado.

Além dos abusos entre familiares e de crianças que conheceu durante os treinos e aulas de catequese, a polícia trabalha com um terceiro núcleo alvo do acusado: a vizinhança. Um dos moradores da região prestou depoimento e apontou que José Antônio levava crianças para passear na beira de um córrego com a desculpa de que iria procurar galhos para fazer pipas.

Na paróquia onde José Antônio foi catequista durante dois anos, as denúncias causaram surpresa. “Não notamos nenhuma aproximação estranha com as crianças catequizandas, até porque todas as aulas são ministradas por dois colaboradores, sempre com as portas abertas e com coordenadores prestando auxílio para levar as crianças ao banheiro e esperá-las na porta”, garante um voluntário da igreja, que não quis se identificar.

Pároco da igreja, o padre Mário Alves afirma que durante a passagem do acusado pela instituição não houve qualquer desconfiança, insinuação ou acusação contra o suspeito. “A missão de educador das coisas de Deus poderia servir como um escudo aos crimes, gerando confiança nas famílias e as próprias crianças, mas isso não significa afirmar que os aliciamentos ocorriam dentro das salas de aula, mesmo porque havia outros voluntários catequistas presentes”, pondera.

Desde que as investigações vieram à tona, a casa dos pais do acusado está vazia e, na garagem, há apenas o carro pertencente a José Antônio. O apartamento onde morava a ex-mulher também está desocupado. O acusado é considerado foragido desde o dia 2 e teve o nome incluído no Cadastro Nacional de Foragidos. A polícia acredita que parentes estejam financiando a fuga, pois alguns se recusam a colaborar com as investigações. – CB

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