O governador Ronaldo Caiado anunciou nesta quarta-feira, dia 23, em entrevista ao programa Falando Sério, da Rádio Interativa Goiânia, novos investimentos para Goiás e garantiu que a mudança na forma de governar o Estado “vai ser radical”.
Ele refutou, de maneira veemente, os argumentos dos que associam à decretação de estado de calamidade financeira um obstáculo para atração de negócios que geram emprego e renda. “Ninguém está aqui impedindo que as empresas venham para o Estado. Este é o momento de recuperarmos a gestão”, afiançou. “Goiás é muito maior do que os problemas. É um Estado rico. Estou trabalhando 24 horas”, ressaltou.
Delegação da Coreia do Sul
“Estamos expandindo nossas ações”, disse Caiado ao afirmar que, nesta quinta-feira, dia 24, receberá delegação com 25 integrantes da Coreia do Sul que conhecerão Flores de Goiás, onde será instalado o maior projeto de sistemas fotovoltaicos do País. Eles solicitaram 1,5 mil hectares de terras.
“É o maior investimento que teremos no Estado. É o dobro da estrutura instalada no Piauí, devido à qualidade e à localização da região”, destacou. Informou, também, que recebeu ligação de dirigente da empresa Itambé, que informou pretensão de atuar em Goiás: “Ele me disse que, dentro do nosso governo, as coisas vão ocorrer corretamente”.
O governador lembrou que esteve recentemente em Rio Verde, no Sudoeste, onde visitou o canteiro de obras da Crown Embalagens Metálicas da Amazônia S/A, que está investindo R$ 350 milhões na instalação de uma fábrica, a primeira do Centro-Oeste.
A estimativa é de que sejam gerados 600 empregos diretos e indiretos, e que comece a funcionar em novembro deste ano. De início, está sendo construído um galpão de 30 mil m² com capacidade inicial para fabricação de 1 bilhão de latas por ano.
Ferrovia Norte-Sul
Caiado informou, ainda, que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, já priorizou participação no leilão da Ferrovia Norte-Sul, dia 28 de março, obra histórica que se tornará base para atração de grandes investimentos.
Ao âncora José Luiz, ele destacou que “não sou o governo anterior. Eu cheguei para mudar. Não pensem que vão imperar as estruturas de antigamente. É uma mudança completa, doa a quem doer”. Reforçou, ainda, que “o povo goiano vai sentir a resposta na nossa gestão. Não vai ser no achismo. Vai ser na firmeza da lei. Acomodações não vão existir”.
Calamidade financeira
Durante participação especial no programa da Rádio Interativa, que contou com perguntas de ouvintes, Caiado detalhou os fundamentos do Decreto de Calamidade Financeira: “Não se pode exigir que, em apenas 22 dias, você tenha solução para 20 anos. Ninguém tem esse dom”.
Segundo ele, é como receber uma empresa com 156 mil funcionários sem alternativas para fazer alterações. “Qual o tratamento? O que se pode fazer quando, de tudo o que se arrecada, 82% é para cobrir a folha? A lei não autoriza negociar”, disse.
O governador explicou que, se não decretasse estado de calamidade financeira, “eu não teria como governar Goiás sem estar incorrendo em crime de responsabilidade fiscal. Eu tenho que gastar com a folha dos servidores apenas 60% e tenho que ter fluxo de caixa para pagar toda dívida empenhada”.
De acordo com Caiado, “no momento em que você vê o colapso na estrutura do Estado, como falta de combustível para as viaturas da polícia, de remédio em hospitais, de condições mínimas para os professores em salas de aula e para os cidadão que dependem de programas sociais, aí você tem um caso grave, que requer o Decreto de Calamidade Pública”.
Reafirmou que seu sentimento é de indignação. “É um sentimento que cabe a todo cidadão de bem: como levaram o Estado a essa situação? Não é possível o que fizeram com Goiás. Não vamos fazer milagres, mas o que é certo. Transparência e boa gestão. Vamos mudar o Estado”, sentenciou.
Colapso
“Temos colapso em todas as áreas, afirmou Caiado. “Pela primeira vez será encaminhado à Assembleia Legislativa um orçamento real, que prevê déficit de R$ 6,9 bilhões em Goiás no ano de 2019”, disse. “Não se pode esconder ou forjar diagnóstico. Se tivesse dinheiro em caixa, eles (as gestões dos ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton) deveriam mostrar, como eu fiz. Eu divulguei o extrato bancário do Governo do Estado. Está lá. No dia em que recebi o governo, tinha R$ 11 milhões na Caixa Econômica Federal”, relatou.
“Fiz um esforço total. Deixei de pagar todas as outras emergências que existiam, mantive a conta-gotas os hospitais, cuja dívida é superior a R$ 360 milhões, concentrei todo o dinheiro para pagar aquilo que estava sob a minha gestão, que é o mês de janeiro”, informou.
Num diagnóstico sobre o cenário real em que encontrou o governo, Caiado afirmou que “hoje, em Goiás, a folha do servidores compromete 82% do orçamento. São 6,8 milhões de goianos para manter a estrutura do Estado, mas que não têm benefício algum. Você tem situações de desigualdade regional no Entorno do Distrito Federal, no Nordeste e no Norte, tem o narcotráfico que avança, a situação da saúde que é um caos completo”, observou.
“Ou se governa para manter uma estrutura de governo, ou para alcançar melhores condições de vida para os cidadãos. Eu acredito que essa será a grande mudança resultante desta eleição. Ou seja, o governante que acreditar que pode ir adiante, iludindo e enganando, não terá sobrevivência”, alertou.
Responsabilidade fiscal
Ronaldo Caiado defendeu medidas punitivas imediatamente após o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, como aconteceu em Goiás, com a gestão anterior. Segundo argumentou, a iniciativa tem que ser como no processo eleitoral, com decisões no máximo 72 horas após a denúncia.
“O governante não pode continuar espoliando a sociedade”, sentenciou. “É inaceitável o uso da estrutura de governo em prol de um projeto pessoal”, asseverou. “A sociedade exige transparência completa”, constatou.
STF
Caiado informou que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) decisões claras para que o governante de um estado não possa, ao seu bel prazer, mudar uma lei federal, como aconteceu em Goiás, oportunidade em que o ex-governador José Eliton publicou um decreto eximindo-se da folha de dezembro do funcionalismo. Disse, ainda, que solicitou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, um crédito para que o Goiás sobreviva enquanto faz sua parte, com corte drástico de gastos.
Sobre a folha dos servidores de dezembro, citou o impedimento legal, na medida em que o ex-governador José Eliton não fez o empenho, nem tinha dinheiro em caixa. Nas gestões anteriores, destacou que os dirigentes tiravam dinheiro do fundo da saúde, da educação, do repasse a prefeitos para cobrir os encargos com servidores.
“Nesta hora, você estará descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal”, confirmou. “Eu antecipei o pagamento de janeiro. Tudo o que tinha em caixa, eu paguei”, confirmou, acrescentando que “agora, ficamos com R$ 3,4 bilhões de dívidas. Nós não temos esse dinheiro, e a previsão orçamentária é de fecharmos 2019 com déficit acima de R$ 6 bilhões”.
Solidariedade
Caiado defendeu corrente de solidariedade para sanar as dificuldades do Estado, ao citar a grave crise que atravessa o Hospital Materno Infantil (HMI). “Eu sou médico. Eu recebo o paciente atropelado, com fratura exposta e lesão de toda ordem. Mas não fui eu quem o atropelou. Mas tenho que operar, cuidar. Não posso, do dia para noite, dizer: levante, caminhe. Tem um tempo de recuperação. É importante que a gente cumpra a lei, cumpra as regras”, afirmou.
Disse também que existe um sentimento do funcionalismo público no sentido de resgatar o Estado. “Então, não podemos jogar isso para baixo. O que existe hoje em Goiás é o clima de dar transparência. Quando você tem um problema de saúde, não adianta tentar enganar. É preciso tomar conhecimento para saber o tratamento e a cirurgia”, ensinou.
Caiado voltou a elogiar as forças de segurança pública do Estado ao citar o resultado da operação que desarticulou organização criminosa especializada em roubo a bancos com explosão de caixas eletrônicos, composta por 12 integrantes (três mulheres e nove homens), sendo um deles com 46 anos e o restante com idades entre 18 e 25 anos:
“Não teve nem um tiro, nem um óbito. Isso é polícia preventiva. Recuperamos cinco toneladas de drogas. Isso é eficiência”. Destacou, também, a rápida investigação da Polícia Civil, o que resultou em prisão, já segunda-feira (21/01), em menos de 24 horas, de suspeito do assassinato da motorista de aplicativo, Vanusa da Cunha Ferreira, de 36 anos.