“Se tivéssemos punição mais célere aos governantes que desrespeitam a legislação, se eles tivessem bens confiscados, não haveria esse colapso como o que acontece em Goiás”, afirma o governador Ronaldo Caiado em entrevista à Rádio Jovem Pan São Paulo, na manhã desta sexta-feira (18/01). Aos jornalistas Denise Campos de Toledo, Marco Antônio Villa e Thiago Uberreich, no Jornal da Manhã, ele defendeu maior rigor por parte de órgãos fiscalizadores.
Ao fazer um panorama da realidade econômica de Goiás, com base em levantamentos recentes, Caiado disse que a folha dos servidores consumirá este ano 82,99% da receita, valor que, somado aos gastos obrigatórios, comprometem o orçamento em 115%. “Se não tivermos dispêndios com nada, chegamos com déficit de R$ 5,731 bilhões em 2019”, diz. “Isso tudo em decorrência de um projeto que foi usado com objetivo eleitoreiro, um processo de corrupção e enriquecimento ilícito que foi sendo maquiado na contabilidade”, aponta.
Caiado afirma que os governadores eleitos vêm sendo penalizados por crimes cometidos pelos antecessores e disse acreditar que a realidade seria diferente caso a Lei de Responsabilidade Fiscal fosse realmente aplicada.
“A União está certa em dizer que a irresponsabilidade dos governadores não pode recair sobre ela. Mas também não acho correto que não haja uma punição mais célere a esses governantes que desrespeitaram a lei, que seus bens sejam confiscados e que o próximo governador seja responsabilizado por atraso de pagamento, por não ter verba para saúde e educação e pelo colapso que nós encontramos no Estado de Goiás”, disse Caiado.
Segundo o governador, “o criminoso posa de vestal e diz que na época dele aquela situação (de atrasos) não existia. Mas, se tivéssemos órgãos fiscalizadores totalmente desaparelhados, um Ministério Público eficiente e independente, estes governadores já teriam sido afastados há muito tempo. Por que deixar chegar nesta situação?”, indaga.
União
Ronaldo Caiado comentou as negociações com o governo federal e defendeu que a União ofereça alternativas para os Estados mal avaliados pelo Tesouro Nacional. Goiás é classificado como nota C, o que impede a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
“A União, obviamente, não suporta absorver a dívida de todas as unidades federativas. Mas o que eu venho mostrando ao ministro Paulo Guedes é que os novos governantes, que não tem nenhuma responsabilidade pelos crimes praticados anteriormente, não podem pagar pelos antecessores. Precisamos de uma alternativa, um aval para conseguirmos algum tipo empréstimo e ir mostrando que é possível recuperar o Estado com honestidade”, afirma.
Questionado sobre as contrapartidas exigidas pelo governo federal, Caiado se disse otimista com as medidas que vêm sendo tomadas na gestão estadual para tirar as contas públicas do abismo fiscal deixado pelas gestões de Marconi Perillo e José Eliton. Segundo ele, mudanças realizadas até o momento, como o compliance, auditoria direta nas secretarias, e as nomeações técnicas feitas no início do governo, colocam o Goiás no rumo correto.
“A capacidade de Goiás é enorme. É um Estado promissor. Eu acredito que podemos voltar a um patamar de responsabilidade fiscal, de respeito ao cidadão”, destaca o governador.