O atirador de 14 anos que matou uma aluna cadeirante nesta segunda-feira, 26, no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, em Barreiras, no extremo oeste da Bahia, teria postado o plano de massacre na unidade em um perfil extremista na internet.
A polícia acredita que o jovem publicou um manifesto três dias antes de cometer o crime, conforme informações do O Globo. Na página, o jovem se identificava como um “ser iluminado” e iria descarregar a ira em “um ato sanguinolento”.
“Eu vivi com meu pai na maior parte da minha vida, pois meus pais eram separados e não tinham nenhum sentimento mútuo. Desde pequeno sentia-me superior aos demais, alimentava nojo e ódio de grupos do meu convívio, simplesmente não aceitava estar no mesmo lugar que eles, sentia que merecia mais, ou eles mereciam menos, o que importava era estar por cima”, publicou o site.
O estudante está internado em estado grave após receber um tiro, de uma pessoa ainda não identificada, durante o episódio na unidade de ensino. A suspeita é de que ele tenha escrito um manifesto de 29 páginas e publicado no perfil em questão, que está sendo investigado pela Polícia Civil com o Departamento de Polícia Técnica do estado. O jovem é filho de um policial, que morava em Brasília e tinha se mudado há pouco tempo para Barreiras.
Nas publicações, o estudante demonstrava desprezo e ódio à escola, onde passou a estudar após a mudança para a cidade. A Secretaria de Educação Municipal informou que ele faltava às aulas.
“A cada dia que vou à escola, sinto-me subjugado, se misturar com eles é nojento, é estupidamente grotesco, sinto ânsia de vômito quando um deles me toca (sic). Sou puro em essência, mereço mais que isso, sou sancto”. E continua: “Saí da capital do Brasil para o merdeste, e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes acham que são dignos de me conhecer e de conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina”.
O jovem queria virar um “sancto”, que é uma definição dada a indivíduos que realizam massacres. Eles são considerados heróis dentro de uma comunidade extremista. De acordo com a publicação, o atirador fazia parte da comunidade True Crime Comunity, onde a estudante de ciências políticas Michele Prado, que estuda movimentos extremistas, localizou o perfil e repassou aos policiais da Bahia.
Segundo o site, o estudante, que usava uma identificação neonazista, se definia como incel. A palavra vem da junção dos termos “involuntary celibates”, que são jovens celibatários que propagam discursos misóginos e racistas em comunidades virtuais, alguns desses indivíduos são envolvidos em crimes nos Estados Unidos.
O jovem ainda teria feito uma publicação algumas horas antes do ataque na escola. “Irá acontecer daqui 4 horas e eu tô bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais”.
A prefeitura de Barreira informou que o atirador chegou ao local “trajando roupa preta, capuz e óculos escuros, portando uma arma de fogo tipo revólver e duas armas brancas”. Ele teria pulado o muro da escola para, então, dirigir-se à aluna cadeirante e fazer dois disparos. A vítima, identificada como Jeane Brito, de 20 anos, também foi “agredida com golpes de arma branca, vindo a óbito no local”.