Inflação baixa reflete fraqueza da economia

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), considerada a prévia da inflação oficial, teve significativa queda neste mês em relação a maio. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgados ontem, mostram ligeira alta de 0,06%, ante o aumento de 0,35% do mês anterior. Segundo o IBGE, essa é a menor taxa para junho desde 2006, quando o IPCA-15 apresentou deflação de 0,15%.

O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, considera o indicador positivo, mas ressalta que o baixo percentual de inflação demonstra uma fraqueza maior da economia. “Derivada do choque benigno do grupo alimentação, e por conta de preços administrados, a inflação vem caindo justamente porque a economia está indo mal no país”, afirmou. Na opinião dele, o IPCA fechará o mês no mesmo patamar da prévia, 0,06%. Para o ano, Perfeito prevê 3,85%.

O recuo do IPCA-15 se deve, de acordo com o IBGE, à acentuada queda dos preços de alimentos e bebidas (-0,64%), que têm os maiores pesos na composição do índice, e a retração de 0,67% dos combustíveis, que no mês passado haviam subido 3,3%. Com a safra agrícola, os preços de alguns produtos importantes do grupamento alimentação no domicílio recuaram, o que contribuiu para a deflação de 0,64%. Destaque para feijão-carioca (-14,99%), tomate (-13,43%), feijão-mulatinho (-11,48%), batata-inglesa (-11,30%), feijão-preto (-8,84%) e frutas (-5,25%).

A queda, no entanto, não é sentida pela professora Adriana Tosta, 46 anos. Ela reclama que precisou reduzir as compras para arcar com os custos nas últimas semanas. “Só vi os preços aumentarem no último mês, e o salário que é bom, nada. Não tenho como fazer nenhum tipo de economia, então venho diminuindo a quantidade de coisas que compro, não apenas no mercado, mas em lazer, tudo. Quando quero gastar menos, também compro em atacadão, em grande quantidade, porque os preços costumam ser mais em conta”, explicou. “De acordo com nossa política atual, acho difícil o preço de qualquer coisa abaixar.”

A previsão de especialistas para a inflação cheia de junho não se distancia muito da prévia divulgada ontem. Apesar de os dados do IBGE sugerirem uma redução nos preços de alimentos e combustíveis,  o analista de sistema Jotacy, 59, duvida que haja deflação no mês. Ele, que não quis dizer o sobrenome, se indigna com os dados divulgados pelo IBGE. “Eu só vejo os preços de alimentos e gasolina subindo. Sempre que venho ao mercado, gasto mais do que gastei no mês anterior, não tem jeito”, reclamou.

Previsões

Carlos Thadeu Filho, economista-chefe da Ativa Investimentos, prevê uma deflação de 0,02% para junho. Para ele, a inflação realizada foi menor em bens e serviços, e maior em administrados, como combustíveis, e produtos não-duráveis, principalmente os de higiene pessoal. “Nossa avaliação é de que o resultado de junho foi qualitativamente melhor. Essa variação gera um número em 12 meses em 3,40% e 3,35%”, afirmou, em nota. O especialista projeta, para junho, julho e agosto, respectivamente, uma inflação de -0,02%, 0,13% e 0,06%. Para o ano, de 3,68%.

professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luís Oreiro, afirma que os números são uma demonstração de que “não existe pressão inflacionária latente na economia, devido ao enorme grau de ociosidade dos fatores de produção, como capital e trabalho”. Para ele, a tendência é que a inflação fique em patamares muito baixos.

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