Israel voltou a bombardear nesta segunda-feira, 6, a Faixa de Gaza, onde quase 10.000 pessoas morreram desde o início da guerra há um mês, segundo o grupo islamista palestino Hamas.
Os ataques durante a noite mataram mais de 200 pessoas no norte do território palestino e na Cidade de Gaza, segundo o governo do Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Nesta segunda-feira, o Exército israelense voltou a pedir aos civis que abandonem o norte da Faixa de Gaza, bombardeada sem trégua em represália pelo violento ataque de 7 de outubro contra Israel pelo movimento islamista palestino.
De modo paralelo à campanha de ataques, Israel executa desde 27 de outubro ofensivas terrestres contra o Hamas, grupo que prometeu “aniquilar”.
O Exército anunciou nesta segunda-feira que efetuou “ataques significativos” no território e que seus soldados estariam “menos limitados” para agir caso os civis sigam para o sul do enclave.
“Então poderemos desmantelar o Hamas, reduto após reduto, batalhão após batalhão, até alcançarmos o objetivo final, que é libertar a Faixa de Gaza, toda a Faixa de Gaza, do Hamas”, disse uma fonte militar.
O general Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, afirmou que os soldados que atuam em Gaza dividiram o território em dois, “Gaza sul e Gaza norte”. Os combates mais intensos acontecem no norte, onde, segundo Israel, fica o “núcleo” do Hamas.
Pedido de cessar-fogo
Os diretores das principais agências da ONU divulgaram um comunicado conjunto no domingo no qual expressam indignação com o número de civis mortos em Gaza.
“Precisamos de um cessar-fogo humanitário imediato. Já passaram 30 dias. É suficiente. Isto deve parar agora”, afirma a nota, que também exige que o Hamas liberte os mais de 240 reféns que sequestrou no ataque de 7 de outubro.
Segundo o Hamas, 9.770 pessoas morreram, incluindo 4.800 menores de idade, nos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza desde o início do conflito.
Os bombardeios afetam consideravelmente a população civil no pequeno território de 362 quilômetros quadrados, com 2,4 milhões de habitantes.
Desde 9 de outubro a Faixa de Gaza está sob “completo cerco” das tropas de Israel, que impedem o acesso ao abastecimento de água, energia elétrica e alimentos.
A Faixa de Gaza já enfrentava um bloqueio israelense por terra, mar e ar desde que o Hamas – considerado um grupo terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel – tomou o poder no território em 2007.
O Exército israelense voltou a acusar o Hamas de construir túneis sob hospitais, escolas e locais de culto para esconder combatentes e planejar ataques, o que o movimento islamista nega de maneira reiterada.
Em Israel, mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, foram assassinadas em 7 de outubro, durante o ataque do Hamas, um atentado sem precedentes pela dimensão e violência desde a criação de Israel em 1948.
Ao menos 30 soldados israelenses morreram desde o início da operação terrestre, segundo o Exército.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, cujo país se opõe a um cessar-fogo por considerar que beneficiaria o Hamas, destacou no domingo o “compromisso dos Estados Unidos com a entrega de ajuda humanitária vital” a Gaza, durante uma visita a Ramallah, na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967.
Mais de 150 palestinos morreram neste território atingidos por tiros de soldados ou de colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo a Autoridade Palestina.
Nesta segunda-feira, um palestino foi morto em Jerusalém Oriental, anexada por Israel, depois de esfaquear duas militares – uma delas ficou gravemente ferida e outra sofreu ferimentos leves.
O Exército israelense também anunciou nesta segunda-feira a detenção da famosa ativista palestina Ahed Tamimi, de 22 anos, acusada de incitação ao terrorismo, algo que a mãe da jovem nega de maneira enfática.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou no domingo, que seu país está “trabalhando nos bastidores” com aliados regionais para tentar garantir um fluxo ininterrupto de ajuda humanitária.
Erdogan cortou os contatos com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e retirou o embaixador de Ancara em Israel. Também decidiu não ter uma reunião com Blinken, que se encontrou com o chanceler turco, Hakan Fidan.
A guerra transformou bairros inteiros da Faixa de Gaza em campos de ruínas e provocou o deslocamento de 1,5 milhão de pessoas dentro do território, segundo a ONU.
“A situação é muito difícil. Não há pão, água, nada, nem mesmo água salgada. Vimos cadáveres (na estrada), as crianças ficaram muito assustadas”, afirmou Zakaria Akel, que fugiu com a família para o sul, perto da fronteira com o Egito, onde centenas de milhares de pessoas vivem em condições muito precárias.
A fronteira foi aberta parcialmente em 21 de outubro para permitir a entrada de caminhões de ajuda humanitária pela passagem de Rafah.
Um total de 451 caminhões passaram pela fronteira até sábado, segundo a ONU. O rei da Jordânia anunciou o lançamento nesta segunda-feira pela Força Aérea do país de ajuda médica de emergência em Gaza, destinada a um hospital de campanha jordaniano.
Outro foco de tensão é a fronteira norte de Israel com o Líbano, onde as trocas de tiros entre o Exército israelense e o Hezbollah – aliado do Hamas e apoiado pelo Irã – provocam o temor de uma ampliação do conflito.
Desde 7 de outubro, 81 pessoas morreram no lado libanês, segundo um balanço da AFP, incluindo 59 combatentes do Hezbollah. Seis soldados e dois civis morreram no lado israelense.