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Economia chinesa se desacelera às portas do terceiro mandato de Xi

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A China deve anunciar na terça-feira (18), em meio ao congresso do Partido Comunista, um dos crescimentos econômicos trimestrais mais baixos desde 2020, afetado pelas restrições anticovid e pela crise de seu setor imobiliário.
O número oficial do terceiro trimestre será revelado junto com uma série de indicadores econômicos, no momento em que a cúpula do poder chinês estará reunida em Pequim para conceder um terceiro mandato a Xi Jinping à frente do partido e, consequentemente, do país.
Um grupo de 12 especialistas ouvido pela AFP estima um crescimento médio de 2,5% interanual do Produto Interno Bruto (PIB), entre julho e setembro, da segunda maior economia do mundo.
No trimestre anterior, o crescimento caiu para +0,4% em termos interanuais, seu pior desempenho desde 2020, ano em que eclodiu a pandemia da covid-19.
Muitos economistas estimam que a China terá problemas para cumprir sua meta de crescimento este ano, “de cerca de 5,5%”.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a revisar suas projeções para o PIB da China este ano (3,2%) e no próximo (4,4%).
Os analistas entrevistados pela AFP preveem um crescimento médio de 3% em 2022, longe dos 8,1% do ano anterior. Seria o ritmo de crescimento mais lenta em quatro décadas, sem contar o ano da covid.
“O desafio político é aceitar que a economia atingiu uma certa maturidade e que os números de crescimento ficarão, de forma duradoura”, abaixo dos 5% na próxima década, disse à AFP o analista Clifford Bennett, da consultoria da ACY Securities.
 
Covid zero
A política de covid zero também pesa. Ao contrário do restante das grandes economias, o gigante asiático mantém uma rigorosa política sanitária para conter a covid, impondo quarentenas para viajantes, confinamentos e testes contínuos à população.
Este dispositivo, que muitas vezes provoca o fechamento repentino de empresas e fábricas, penaliza a atividade e os deslocamentos e afeta o consumo das famílias.
Apesar desses impactos, “não há qualquer sinal de relaxamento da covid zero à vista”, afirma o economista Ting Lu, do banco Nomura, que observa, inclusive, um endurecimento.
“Afrouxar” diante do vírus seria “irresponsável”, repetiu a imprensa oficial ao longo da semana, abalando as esperanças de um retorno à normalidade no curto prazo.
Nos últimos dias, o salto no número de casos aumentou os temores de um retorno às restrições, especialmente em Xangai, pulmão econômico e financeiro da China, confinada por dois meses na primavera (boreal, outono no Brasil).
Em paralelo, o país vive uma crise sem precedentes no setor imobiliário, motor histórico do crescimento da China.
As medidas adotadas em 2020 por Pequim contra o endividamento excessivo colocaram esta indústria, que representa em torno de 25% da riqueza do país, em sérias dificuldades.
Após anos de crescimento vertiginoso, as vendas imobiliárias estão caindo nas grandes cidades, e muitas incorporadoras lutam para sobreviver, enquanto alguns proprietários se recusam a pagar sua hipoteca por apartamentos ainda não concluídos.
 
“Economia moderna”
Apesar de tudo, “muitos indicadores se ajustaram relativamente bem”, após os confinamentos da primavera (boreal) que significaram um grande golpe para a atividade, ameniza o analista Thomas Gatley, da consultoria Gavekal Dragonomics, especializada na economia chinesa.
As vendas de veículos particulares na China mantiveram seu vigor em setembro, alavancadas pela demanda por carros limpos. As exportações em agosto cresceram 7,1% em um ano, e a China lançou investimentos em infraestrutura para sustentar a atividade.
Mas, mesmo assim, “esses pilares de crescimento estão se enfraquecendo”, advertiu Gatley.
E “a economia chinesa enfrenta problemas mais fundamentais” de transformação, comenta Jean-Louis Rocca, sinólogo do Centre de Recherches Internationales (CERI), do SciencesPo, de Paris.
Depois de décadas de crescimento alimentado por investimentos e exportações, a China “não quer mais ser a oficina do mundo”, mas aspira a uma “economia moderna”, com maior valor agregado concentrado em altas tecnologias e no consumo.
O problema é que esta nova economia “tem problemas para substituir a antiga” e, “sobretudo, é pouco criadora de empregos”, disse o pesquisador à AFP.
“Vai continuar empregando toda classe média, preservando seu patrimônio?”, questiona.
Essas são questões cruciais para o Partido Comunista, que baseia sua legitimidade, principalmente, no aumento do poder de compra da população.
Fonte: Diário de Pernambuco

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