Pesquisa aponta virada de petista na Bahia. ACM Neto perde espaço

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O candidato do PT ao governo do estado, Jerônimo Rodrigues, pela primeira vez aparece na liderança da corrida eleitoral. É o que aponta a terceira rodada da pesquisa Atlas/Intel, contratada pelo Grupo A TARDE.

Considerando a margem de erro de dois pontos percentuais, Jerônimo e o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) se encontram em empate técnico, mas os números indicam recuo das intenções de voto em Neto diante de um crescimento, ainda tímido, do candidato do PL, João Roma, representante do presidente Jair Bolsonaro.

Os números mostram Jerônimo Rodrigues (PT) com 38%, com uma oscilação de 0,2 ponto em relação à última pesquisa e um crescimento de 5,4 pontos desde o primeiro levantamento. Em segundo, está ACM Neto (União Brasil) com 35,6%. Uma queda de 3,2 pontos em relação ao último levantamento e 4,1 de retração desde o início da série.

“Em relação à pesquisa anterior, os números mostram variação dentro da margem de erro. Pela primeira vez Jerônimo aparece à frente de ACM Neto”, diz o cientista político e executivo-chefe da AtlasIntel, Andrei Roman.

Para ele, uma vitória de ACM Neto no primeiro turno “é quase impossível”. A única chance, indica, seria um voto estratégico dos eleitores de João Roma, “no último momento, para evitar uma vitória do PT”.

Segundo Roman, o único caminho para se decidir a eleição sem uma segunda votação seria uma migração dos eleitores de Neto, que também votam em Lula – sobretudo os mais jovens –, para a candidatura de Jerônimo. O que, no momento, não se verifica de forma consistente.

Para Roman, as oscilações devem se acentuar a partir da veiculação de propaganda no horário eleitoral, que começa na sexta-feira, 26. “Com o início da campanha de rádio e TV pode se observar uma mudança mais rápida.  A tendência é de crescimento de Roma, mas tenho reservas”, diz.

Imagem ilustrativa da imagem AtlasIntel aponta virada de Jerônimo para liderar disputa

Senado

Se a projeção para o governo é incerta, o cenário de disputa pelo Senado aparece mais consolidado. Segundo Roman, isso se deve a um comportamento seletivo do eleitor. “A corrida pelo Senado está menos em pauta. O eleitor se preocupa primeiro com presidente, governador, depois senador e assim por diante”, explica.

Para Roman, o conhecimento da figura de Otto favorece a lembrança do eleitor. Rayssa, segundo o cientista político, representa o bolsonarismo raiz e não tem rival no campo da direita. “O perfil de Cacá é diferente”. Brancos e indecisos são quase um terço e o executivo vê espaço para crescimento de Rayssa, mas nada que ameace a reeleição de Otto Alencar.

Imagem ilustrativa da imagem AtlasIntel aponta virada de Jerônimo para liderar disputa

Peso nacional

A nova rodada da pesquisa AtlasIntel mostra de forma mais clara o que já vinha sendo levantado nas consultas anteriores: que a associação entre os candidatos ao governo e à presidência pode ser decisiva na escolha do eleitor.

Bolsonaro tem 28,4% no estado, crescimento de 3,1, atribuído ao pagamento do auxílio e a melhora do cenário econômico. Ciro Gomes (PDT) tem 5,1% na Bahia.

Andrei Roman analisa como a disputa pela preferência do eleitor pode ser influenciada pela campanha nacional, de acordo com a pesquisa. “Os votos de Bolsonaro têm uma distribuição parelha entre Neto (38,4%) e Roma (49,4%). Com Lula é semelhante. Jerônimo tem 58,4% dos votos do ex-presidente e ACM Neto 30,6%, sem grande variação”. O que pode mudar com a associação de Roma e Jerônimo a Bolsonaro e Lula no horário eleitoral, respectivamente.

A análise do cruzamento dos votos para presidente e governador também revela uma tendência importante em caso de segundo turno. Dos eleitores que declaram voto em Bolsonaro, apenas 0,5% admitem votar em Jerônimo. Da mesma forma, entre os eleitores de Lula, 0,3% votariam em Roma. O que faz de ACM Neto o principal beneficiado em caso de uma disputa com qualquer dos outros dois mais votados.

Quanto à gestão de Rui à frente do governo, 61% dos baianos aprovam a condução do petista, com 43% de avaliação “ótimo e bom” e 27,9% de “regular”. O peso de Rui Costa na eleição do seu sucessor não pode ser desconsiderado, segundo Andrei Roman.

“Rui é um fenômeno de popularidade política. Dá para afirmar isso com bastante imparcialidade. Na frente de todos os líderes estaduais, de direita e de esquerda. Bem avaliado não só pela gestão, mas pelo perfil político. É um desafio para ACM Neto também, talvez seja um rival maior que Jerônimo”.

Se a equidistância de ACM Neto dos dois principais nomes que disputam a presidência o favorece num provável segundo turno, a falta de engajamento pode ser um problema.

Por outro lado, o crescimento esperado de Bolsonaro, em função das medidas assistenciais que já estão sendo colocadas em prática, pode alavancar a candidatura de Roma e criar um problema para o ex-prefeito de Salvador.

“Se Roma atingir 20% pode romper o bolsão estratégico. ACM ficaria numa posição de fraqueza, depois de começar na liderança, poderia ver a migração dos seus votos para Roma. Para isso, a qualidade das campanhas vai ser decisiva”, projeta o cientista político.

“O desafio de ACM Neto é segurar o eleitor lulista, principalmente os mais jovens, onde o voto em Lula e Neto tem a maior incidência. Ao mesmo tempo, o maior desafio de Jerônimo é atrair esses jovens para tentar uma vitória ainda no primeiro turno”, complementa Roman.

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