Vereadores de Senador Canedo criticaram a criação do Ambulatório Regionalizado do Processo de Afirmação de Gênero, que vai dar atendimento multidisciplinar à população transexual e travesti na cidade e mais 24 municípios. Eles disseram durante a sessão na Câmara, na terça-feira (9) que são contra o gasto de dinheiro público para o programa que, entre outras atividades, auxilia no processo de redesignação de gênero.
Citando a Bíblia, o vereador Daniel Cardoso (PSC) disse que quem quer o atendimento especializado deve usar o próprio dinheiro. “Se você nasceu homem, peça a Deus sabedoria para que tire isso de dentro de você e que te cure, te salve. E se não conseguir curar, faça uma poupança, vende um carro, uma casa, vai para São Paulo e paga do seu bolso”, disse.
O ambulatório foi inaugurado no dia 29 de julho e promove um atendimento multidisciplinar. A cirurgia de redesignação de gênero é um dos passos oferecidos dentro do programa, que também inclui apoio psicológico, psiquiátrico, de assistência social, hormonioterapia, entre outros. O objetivo é promover a inclusão da comunidade trans, que muitas vezes é marginalizado no atendimento de saúde.
A Prefeitura de Senador Canedo disse que o ambulatório é um serviço de saúde pública e que a administração municipal atende a todos, independente de estigmas. “Repudiamos as falas deferidas pelo vereador e reafirmamos o nosso compromisso com a população”.
Os vereadores Eliel José (Podemos) e Celismar Lima (PROS) também se mostraram contra o projeto. O primeiro, também citando a Bíblia, disse que o dinheiro público não pode ser usado para “a ideologia de gênero” e que Deus criou homens e mulheres.
Já Celismar Lima defendeu que, como a homossexualidade não é considerada uma doença desde 1990 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), esse tipo de atendimento não deveria ser questão de saúde pública. Com isso, o processo deveria ser custeado por cada pessoa interessada.
A Câmara Municipal de Senador Canedo disse que responde pelas pautas e projetos que tramitam na casa. Discursos e opiniões devem ser respondidos por cada político.