A pandemia do novo coronavírus também trouxe consigo uma crise econômica histórica e sem precedentes. O ano que prometia ser o melhor da década dissipou as expectativas construídas pela maioria dos brasileiros, que passaram a amargar grandes prejuízos financeiros. Entretanto, grandes negócios surgem das adversidades e a adesão da sociedade por novos hábitos pode ser a chave para a criação de novos negócios ou o incremento dos já existentes. É neste “novo normal” que acredita a CIO no NIAC Brasil e especialista em Inovação e Novos Negócios com foco na gestão de problemas complexos, Karol Oliveira.
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, revelou que 83% das empresas declararam que irão precisar reinventar seus negócios para voltar a crescer ou até mesmo sobreviver no mundo do empreendedorismo após a pandemia. Outro estudo, realizado entre 30 de abril e 5 de maio, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), detectou que 51% dos pequenos empreendedores entrevistados com 56 anos ou mais fecharam seus negócios temporariamente, enquanto 45% dos empresários com até 35 anos de idade preferiram se reinventar dentro dos segmentos em que já atuam. A pesquisa ouviu 10.384 empresários.
“Novas rotinas revelam novos desejos de consumo, por isso a necessidade de saber quais serão as tendências neste novo momento. Os empreendedores precisarão entender como encaixar seu negócio na nova conjuntura” explica Karol. Ainda de acordo com a CIO, os negócios precisam entender o quanto eles se tornaram relevantes ou perderam seu protagonismo diante do atual cenário. “Nada será como antes. Vamos navegar num mar desconhecido, mas algumas atitudes e posturas já podem ser revistas e adotadas antecipadamente” explica.
“Como as feiras de artesanato de todo o estado estão suspensas para evitar aglomerações, passei a vender minhas obras exclusivamente pela internet. Já tinha iniciado recentemente esse processo de interação digital, ainda é algo novo para mim, mas tive que redobrar o foco e empenho nas redes sociais após a pandemia”, explica a artesã Diana Araujo.
Para negócios se reinventarem, Karol aponta a necessidade de serem feitas mudanças reais, como a revisão da estrutura de custos essenciais, a implementação de uma nova produtividade de gestão remota ao time e o fortalecimento da cultura de startup orientada ao teste de hipóteses, para entender como o novo cliente irá se comportar. “É primordial entender as dificuldades dos clientes para tentar se adaptar a oferta de produtos e serviços, sem tirar o foco da redução de custos” aposta.
Dentre as principais mudanças no campo do empreendedorismo, ganharão destaque a priorização das necessidades na estrutura das empresas e a queda do que é meramente status. A migração de grandes empresas para localidades mais modestas já é uma realidade em muitos estados. “Mais do que nunca, a gente percebe esse movimento de saída dos grandes centros com custos imobiliários altos para locais mais acessíveis. A disputada Av. Faria Lima, em São Paulo, já abriga inúmeros escritórios vazios, devido ao distanciamento social e consequente trabalho remoto” diz.
Para se reconstruir dentro do novo cenário, será preciso priorizar. “Da mesma forma que as pessoas passaram a priorizar o essencial, como: saúde, alimentação, higiene e etc., as empresas também terão que focar na redução de custos extras, sem que isso resulte numa redução na qualidade dos serviços prestados” alerta a Karol. “Ideias por si só não valem nada. Então, é preciso observar os comportamentos e necessidades do mercado. Pequenos movimentos na oferta dos serviços podem se tornar o grande diferencial e dar gás aos empreendedores”, conclui.
Fonte: Diário de Pernambuco