O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou as declarações do empresário Paulo Marinho como “gravíssimas” e afirmou que elas revelam “a interferência de Bolsonaro e de sua família na Polícia Federal antes mesmo do início de seu governo”. Líder da minoria no Senado, ele afirmou que vai pedir que o empresário seja ouvido no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes da manifestação da PGR, que incluirá depoimento de Marinho no âmbito do inquérito que investiga a suposta interferência do presidente na PF, a defesa do ex-ministro da Justiça Sergio Moro estudava fazer o pedido. Os advogados do ex-juiz da Lava-Jato iriam esperar até amanhã uma manifestação do procurador-geral Augusto Aras e da PGR sobre as declarações do empresário. “Espero que os fatos revelados, com coragem, pelo Sr. Paulo Marinho, sejam totalmente esclarecidos”, afirmou Moro no Twitter.
No sábado, a defesa de Moro argumentou que as trocas no GSI, reveladas em reportagem do Jornal Nacional, demonstram que “nunca houve por parte do presidente da República qualquer insatisfação com o serviço de segurança pessoal que lhe era prestado ou a seus familiares no Rio de Janeiro, tampouco qualquer dificuldade para realizar substituições na área, já que os responsáveis foram, logo antes da reunião ministerial do dia 22/4/2020, promovidos ou substituídos”. Ao menos três movimentações no Gabinete de Segurança Institucional ocorreram nos últimos dois meses sem indícios de dificuldades para isso.
Alvo das denúncias, o senador Flávio afirmou que as declarações de seu suplente são “estórias” e “não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”. O parlamentar justifica, em nota, divulgada ontem, que Marinho tem interesse em prejudicá-lo. “Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão”, ataca, fazendo alusão sobre as intenções eleitorais por trás das revelações, já que Marinho pretende se candidatar à prefeitura do Rio de Janeiro. “Por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás?”, questina o senador.
Proteção policial
Após o desdobramento ao longo do dia, Marinho disse ter solicitado proteção policial a Wilson Witzel (PSC). “Em função de novas circunstâncias surgidas nas últimas horas, solicitei ao governador do RJ proteção policial à minha família e, após criteriosa análise das autoridades envolvidas, fomos atendidos. Seguiremos firmes lutando pela verdade e pelo Brasil”, postou o empresário nas redes sociais.
Paulo Marinho disse, ainda, que decidiu expor a situação após as revelações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que acusa Jair Bolsonaro de tentar interferir na diretoria da PF. “Agradeço às manifestações de apoio que tenho recebido neste momento em que, após as denúncias do Min. Sergio Moro, considerei a necessidade de dar publicidade às informações que podem colaborar com as investigações.”
Fonte: Correio Brasiliense