A exoneração do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e a consequente saída do ministro da Justiça, Sergio Moro, repercutiram de imediato no Senado, nesta sexta-feira (24). Além de fazer críticas ao governo Jair Bolsonaro, dezenas de senadores foram às redes sociais demonstrar preocupação com a independência da PF.
Os oposicionistas Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE) disseram que o ministro Moro na verdade apresentou uma delação premiada, implicando o presidente em vários crimes. Eles pediram uma investigação urgente e defenderam até um pedido de impeachment contra o chefe do Executivo.
“Ao dizer que o presidente da República quer alguém na PF com quem possa ‘colher relatório de informação’, o ministro acusa formalmente de grave crime de responsabilidade. É uma clara tentativa de obstrução de justiça. É preciso urgente investigação sobre o tema”, opinou Costa.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) levantou uma série de indagações sobre os motivos que levaram o presidente da República a tentar interferir na instituição policial da União:
“Moro sai deixando claro que Bolsonaro quer interferir na PF. Por quê? Será que a equipe atual descobriu algo que está incomodando o governo? E disse que Bolsonaro quer alguém de sua confiança na PF para obter diretamente informações. Qual objetivo disso? Não é papel da PF esse tipo de serviço”, questionou.
Apoio
Houve também senadores demonstrando apoio e prestando solidariedade ao ex-juiz, como Antonio Anastasia (PSD-MG), Major Olímpio (PSL-SP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que disse que há homens e mulheres no país que não se vendem aos “poderosos de plantão”:
“Os canalhas precisam entender, de uma vez por todas, que existem no Brasil homens e mulheres que não se vendem e nem abaixam a cabeça para os poderosos de plantão. Toda a solidariedade ao cidadão Sérgio Moro e à equipe do MJSP, em especial da PF”, disse Vieira.
Para Antonio Anastasia (PSD-MG), não deve ter sido fácil para o ministro tomar tal decisão, todavia, não é possível abrir mão de valores e compromissos. O representante de Minas disse ainda que o ex-juiz merece todo o reconhecimento dos brasileiros.
“Imagino que a decisão do ministro em deixar a pasta não tenha sido fácil. Mas concordo que não podemos abrir mão de nossos valores e compromissos e daquilo que acreditamos. Desejo a ele sucesso nos seus próximos desafios. O ministro merece, assim, o reconhecimento dos brasileiros. Torço para que sua saída não represente a descontinuidade do planejamento e das ações do MJSP. O Brasil ainda precisa avançar muito no combate à corrupção e na melhoria da segurança pública e não aceitará retrocessos”, disse.
Fonte: Agência Senado