Fiéis se reúnem na manhã desta segunda-feira, (23/9), para se despedir do padre polonês Kazimierz Wojno, 71 anos, vítima de latrocíniona noite do último sábado (21/9). O corpo de Casemiro, como era conhecido, chegou na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, na 702 Norte, por volta das 8h. O velório começou ao som de várias orações entoadas por frequentadores da igreja.
A todo momento chegam mais pessoas no local. Com lágrimas, fiéis se aproximam do caixão para dar o último adeus ao padre que morreu de forma brutal.
Às 10h, será a primeira missa. Às 14h, outra celebração será presidida por Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília. O corpo sairá do local às 16h e o sepultamento ocorre a partir das 16h30 no cemitério Campo da Esperança, da Asa Sul.
Para a secretaria paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, em Águas Claras, Maria Aparecida da Cunha, 48 anos, o sentimento nesta manhã é de muita tristeza. “Ver as marcas do arame farpado no pescoço dele foi o que mais me doeu. É triste ver a maldade do ser humano. Ele era um exemplo. Morreu por aquilo que acreditava. Tivemos um tesouro em vida e que viveu para a obra de Deus”, disse.
O policial militar Sérgio Sinésio, 43, não conheceu o padre Casemiro, mas saiu cedo de casa, em Ceilândia, para prestar homenagem. “Quando soube do que aconteceu me deu um sentimento de revolta mesmo, de impotência. Não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, mas sei que era uma pessoa pacífica, que sempre procurou ajudar o próximo. Estive aqui (na paróquia) participando de um casamento e o clima era de paz, alegria. Hoje, é de muita tristeza. Não podia deixar de dar o apoio”.
Moradora da Asa Norte, a administradora Juscelia Luisa de Oliveira, 55, afirmou que a cidade está “cada vez mais violenta”. Ela frequentou algumas missas celebradas pelo padre. “Uma voz mansa, tranquila. Muita paz no jeito de falar, de se expressar. Um ser humano abençoado”, declarou.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) chegou minutos antes do início da primeira missa. Às 10h, começou a celebração, dirigida pelo padre Júlio César, coordenador do clero. Em sua fala, disse que “os inimigos de Deus estão tentando contra a vida dos fiéis e que a sociedade clama por paz”.
Durante a missa, é possível ouvir choros contidos e muitas orações. Enquanto louvores eram entoados, muitos aproveitaram o momento para se ajoelhar e manter a cabeça baixa, em forma de reflexão. Como a psicóloga e catequista Morgana Bornes, 56. Ela frequenta a paróquia há 12 anos.
“Sempre que pude ajudei aqui. Agora, o momento é de refletir. Como esse lugar se tornou alvo? Porque o padre foi vítima? É preciso reforçar a segurança aqui. Às vezes saímos tarde daqui, de alguma atividade. Poderia ter, ao menos, um carro de polícia aqui para vigiar nossa saída”, sugeriu.
O caseiro José Gonzaga da Costa, 39, chegou na paróquia e se aproximou do caixão. Emocionado, ficou por poucos segundos e, em seguida, saiu do templo sem falar com a imprensa. Ele foi encontrado amarrado no local e conseguiu pedir socorro. – Por: CB