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Macron chama Bolsonaro de mentiroso

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O presidente francês Emmanuel Macron acusa o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de mentir sobre seus compromissos com o meio ambiente, durante o G20, e anunciou, nesta sexta-feira (23/8), que, sob essas condições, a França vai se opor ao tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
“Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula (do G20) de Osaka”, diz o palácio do Eliseu. Ainda de acordo com o governo francês, “o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos nem se comprometer com a biodiversidade”. “Nestas circunstâncias, a França se opõe ao acordo do Mercosul”, acrescentou a presidência francesa.
O primeiro-ministro da Irlanda também ameaçou votar contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não respeitar seus “compromissos ambientais”, em meio a críticas ao presidente Jair Bolsonaro pelos incêndios que assolam a Amazônia.
“De maneira alguma a Irlanda votará a favor do acordo de livre comércio UE-Mercosul se o Brasil não cumprir seus compromissos ambientais”, declarou o primeiro-ministro Leo Varadkar em um comunicado divulgado na quinta-feira (22/8) à noite.
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Após 20 anos de negociações, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram recentemente com a UE um Acordo de Associação que inclui seções de diálogo político e comercial. Os países do bloco europeu ainda devem dar seu aval ao texto para permitir sua entrada em vigor, que deve ter a aprovação da Eurocâmara, um procedimento que pode levar dois anos.

Crise mundial 

As queimadas que atingem a Amazônia ganharam repercussão além das fronteiras do país e atingiram status de crise internacional, sobretudo após as críticas do presidente Jair Bolsonaro a entidades ambientalistas. Apesar de dados da Nasa mostrarem que as queimadas nesta época de seca estão na média dos últimos 15 anos, a situação chamou a atenção de líderes mundiais, que alertaram para a necessidade de proteger a floresta
(foto: Handout © 2019 Planet Labs, Inc / AFP )
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que levará a questão dos incêndios na Amazônia ao G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), que se reúne neste fim de semana, no balneário francês de Biarritz.
A chanceler alemã Angela Merkel, por meio de seu porta-voz, também considerou que os incêndios na Amazônia constituem uma “situação urgente” que deve ser discutida durante a cúpula do G7. O presidente brasileiro acusou seu colega francês de querer “instrumentalizar” o assunto “para ganhos políticos pessoais”.
“A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”, escreveu Bolsonaro no Twitter.
Jair M. Bolsonaro

@jairbolsonaro

– Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos p/ ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até p/ fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema.

Jair M. Bolsonaro

@jairbolsonaro

– O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI.

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Crescimento das queimadas 

Entre janeiro e 21 de agosto, o INPE registrou no Brasil 75.336 foco de incêndio, 84% a mais do que no mesmo período de 2018. Esse número aumentou 2.493 em relação a segunda-feira.
Segundo especialistas, a multiplicação dos incêndios ocorre no âmbito de um rápido avanço do desmatamento na região amazônica, que em julho quadruplicou em relação ao mesmo mês de 2018, segundo dados do INPE.
O acordo UE-Mercosul deve eliminar em 15 anos 91% das tarifas e taxas do Mercosul sobre produtos europeus e a UE fará o mesmo com 92% dos seus em dez anos.
Mas algumas nações europeias, incluindo França, Polônia e Irlanda, expressaram preocupação com o impacto desses acordos em seu setor agrícola. As ONGs também alertaram sobre as consequências para o meio ambiente.

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