Temperatura do ar-condicionado afeta homens e mulheres de maneira oposta

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Responsável por diversas polêmicas entre aqueles que preferem temperaturas mais baixas e os que preferem as mais altas, o ar-condicionado é centro de conflito em ambientes de trabalho por todo o mundo. Pesquisa recente realizada pela Universidade do Sul Califórnia, juntamente com o Centro de Ciências Sociais de Berlim WZB, constatou que em temperaturas mais altas as mulheres têm melhor desempenho em tarefas matemáticas e verbais, enquanto o efeito reverso é observado em homens. O crescimento da produtividade feminina em temperaturas mais altas é consideravelmente maior e mais precisamente estimado do que a correspondente diminuição no desempenho masculino.

A norma NR17 do extinto Ministério do Trabalho estabelece que a temperatura nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam atividade intelectual e atenção constantes, como salas de controle, laboratórios, escritórios e salas de desenvolvimento ou análise de projetos, a temperatura deve estar entre 20° C e 23° C, porém a grande maioria das empresas não respeita essa regra ou seus funcionários sequer sabem de sua existência.

Apesar de ser um indicativo para a baixa produtividade e a falta de concentração, pequenas variações de temperatura dificilmente afetam a saúde de uma pessoa. “Para ter impactos significativos na saúde, é preciso estar em condições onde a temperatura é extremamente alta, como pessoas que trabalham no campo, em pedreiras, locais com exposição direta ao sol, ou extremamente baixa, como em frigoríficos, que podem chegar até mesmo a 30° C negativos”, explica Guilherme Lazzari, médico do trabalho e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb-BA). Normalmente, em condições extremas, é essencial que os funcionários passem por treinamentos para ter condições físicas para o trabalho e utilizem equipamentos especiais.

Manutenção do aparelho

O também médico do trabalho e pneumologista Almir Neves dos Santos aconselha que aparelhos de ar-condicionado estejam em dia com a manutenção e passem por limpezas constantes de filtros, evitando assim a propagação de infecções. A exposição excessiva a temperaturas muito baixas, aliada à falta de limpeza dos equipamentos, também pode desencadear ou agravar problemas respiratórios, como rinite alérgica.

Dentre as formas de se resolver e evitar conflito deste tipo no local de trabalho está a criação prévia de regras. Estabelecer critérios que deverão ser obedecidos pelos funcionários, independentemente de suas vontades. “Uma empresa precisa de pessoas que liderem esses processos, que estabeleçam normas, pois é muito difícil ajustar personalidades diferentes, pensamentos e vivências distintas”, reflete Ivan Zanchi, diretor da Dale Carnegie na Bahia, empresa de gestão de conflitos. Formado em processos de liderança, comunicação, vendas e apresentações pela Carnegie University/NY, ele explica que “pode-se inclusive utilizar esse problema como um parâmetro para identificar outras falhas dentro da instituição, pois se não existem critérios para pequenos aspectos como o ar-condicionado, imagina o resto?”.

Pode-se também oferecer treinamentos para os funcionários, para ensinar como fazer negociações saudáveis, pois existem aqueles que têm mais habilidade de empatia, para entender o problema do outro (que deve haver um limite, para que esta pessoa não se comprometa ao tentar evitar conflitos), mas também existem os egoístas, que não se importam com as necessidades do próximo, apenas com as suas. “É preciso mostrar a essas pessoas que existem termos de concessão para um melhor convívio em grupo”, aponta Ivan.

Para obter os resultados, os pesquisadores reuniram 543 estudantes de ambos os sexos em Berlim, na Alemanha, para um experimento de laboratório, onde foi solicitado que fizessem um conjunto de tarefas cognitivas de matemática e reflexão verbal e cognitiva, sujeitas a temperaturas internas manipuladas experimentalmente, que variavam entre 16° C e 32° C. No geral, os resultados indicam que o gênero é um fator importante não apenas no impacto da temperatura no conforto dos indivíduos, como também na produtividade e no desempenho cognitivo.

*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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