Em nota emitida neste sábado (26/1), o Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado pelo ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, informou que Marcelo Valle Siqueira Mello, membro do grupo autointitulado “Homens Sanctos”, foi preso em 2018 por fazer ameaças contra o deputado federal Jean Wyllys (PSol). A nota lamenta a decisão do parlamentar de sair do Brasil, mas diz que a acusação dele sobre omissão das autoridades constituídas “não correspondem à realidade”.
Em uma carta para seus companheiros de partido, Jean Wyllys afirmou que as ameaças à sua vida e à de sua família se intensificaram no último ano. O documento diz que a Polícia Federal e o Estado brasileiro se calaram frente às denúncias.
De acordo com a pasta de Moro, a Polícia Federal instaurou diversos inquéritos para apurar ofensas e ameaças contra Wyllys entre 2017 e 2018. As investigações, que ainda estão em andamento, permitiram a identificação de Marcelo Valle Siqueira Mello. O suspeito, membro do “Homens Sanctos” usaria a identidade de Emerson Setim para ofender o parlamentar.
A nota ainda repudia a conduta dos que se valem do anonimato da internet para ameaçar qualquer pessoa, “em especial por preconceitos odiosos”. Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no Congresso Nacional
O deputado anunciou na última quinta (24) que abriria mão de seu terceiro mandato e deixaria o país em razão de ameaças e por temer por sua própria vida. Um dos principais opositores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na última legislatura, ele deverá se refugiar na Espanha.
“Homens Sanctos”
Preso em maio de 2018 pela Polícia Federal, acusado de racismo, ameaça, incitação ao crime e terrorismo via internet, o ex-estudante da Universidade de Brasília (UnB) Marcelo Valle Siqueira Mello (foto abaixo), 32 anos, membro do grupo “Homens Sanctos”, foi condenado a 41 anos, 6 meses e 20 dias de prisão em dezembro de 2018 pela14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba.
REPRODUÇÃO
Marcelo, que é analista de sistemas, havia sido preso durante a Operação Bravata da PF e é apontado pelo Ministério da Justiça como um dos autores das ameaças a Jean Wyllys. Ele já havia sido mandado para a cadeia em 2012 acusado de arquitetar um massacre contra alunos da UnB. Ficou detido no Paraná por 1 ano e 6 meses.