“Vou te matar com explosivos”, “já pensou em ver seus familiares estuprados e sem cabeça?”, “vou quebrar seu pescoço”, “aquelas câmeras de segurança que você colocou não fazem diferença”. Nos últimos dois anos, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) viveu uma rotina semanal de ameaças de morte .
Disparadas pelas redes sociais, no e-mail e telefone do gabinete em Brasília, ou no e-mail pessoal do próprio deputado, os textos levaram a Polícia Federal a abrir cinco investigações sobre as ameaças e obrigaram o deputado a andar com escolta policial desde março do ano passado. Ele era acompanhado o tempo todo por três agentes e transportado com o suporte de dois carros blindados.
O GLOBO teve acesso nesta sexta-feira ao conteúdo de dezenas de ameaças contra Wyllys. Marcadas por declarações de ódio e de preconceito, elas se avolumaram ao ponto de fazer o parlamentar desistir de assumir o terceiro mandato como deputado federal, para o qual havia sido eleito em outubro passado com pouco mais de 24 mil votos.
Na tarde de ontem, por volta das 14h30, Wyllys pegou até mesmo os assessores do seu gabinete de Brasília de surpresa ao anunciar a decisão de renunciar ao mandato e se mudar para o exterior. O clima de luto tomou conta do local.
— A gente notava que ele estava preocupado com o resultado das eleições, mas só isso. Não achamos que chegaria a tanto — disse um dos assistentes sobre a última vinda de Wyllys a Brasília, no início do mês.
*OGlobo