O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, admitiu que o caso envolvendo um ex-assessor do irmão e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) causa desgaste ao pai, que toma posse como presidente da República em janeiro.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast antes da cerimônia de diplomação dos políticos paulistas eleitos, nesta terça-feira, 18, Eduardo Bolsonaro afirmou que há “exagero” na repercussão do assunto e tentou afastar a responsabilidade do pai e do irmão nas movimentações bancárias de assessores.
“Traz (desgaste), mas acredito também que está ocorrendo um certo exagero nessa parte”, disse Eduardo, quando questionado sobre o caso identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, vai prestar depoimento ao Ministério Público do Rio nesta quarta-feira, 19.
“As coisas devem ser esclarecidas. Também acho que, pelas nossas condutas e nossas bandeiras, a gente tem que manter independência dos órgãos para poder investigar e na medida do tempo tudo vai ser esclarecido”, declarou, acrescentando que qualquer sanção depende da Justiça, e não da família Bolsonaro.
Para Eduardo Bolsonaro, um parlamentar não tem controle sobre todos os atos de seus assessores. “Não tem como controlar a conta dos meus assessores, quiçá dos assessores do meu irmão.”
Na sequência, em entrevista coletiva, o deputado federal insistiu na tentativa de afastar a responsabilidade do pai e do irmão nos casos referentes a Queiroz e à filha do ex-assessor, Nathalia Queiroz, que atuou como personal trainer e já esteve lotada nos gabinetes de Flávio e Jair Bolsonaro. “Você está querendo me dizer que tenho de saber o que ele pegou na conta dele? Acho complicado. Nossa parte é não atrapalhar a investigação”, disse. “Eu sou Eduardo Bolsonaro, deputado federal eleito por São Paulo. As questões referentes aos gabinetes do Jair e do Flávio Bolsonaro devem ser tratadas com eles”, afirmou.
Sem interferência
O deputado federal negou que as negociações para construção da base aliada do novo governo no Congresso tenham sido afetadas pelos casos envolvendo assessores do seu pai e do seu irmão. “Eu não acredito que esteja interferindo. Setenta e cinco por cento das pessoas estão confiantes no futuro do governo Bolsonaro”, disse o deputado, em referência a pesquisa feita pelo Ibope e divulgada na semana passada.
Eduardo disse também que seu grupo político não vai fazer “vaquinha” nem alegar perseguição política caso o poder Judiciário diga que alguém ligado ao grupo mereça condenação.
“A oposição, que está com um ex-presidente na cadeia, está tramando costuras políticas para evitar que outros também sejam presos… Isso não vão ver a gente fazendo”, afirmou o parlamentar, agora em referência ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Se o Ministério Público, a Justiça ou quem quer que seja falar que alguém merece condenação, não vamos fazer vaquinha nem passeata dizendo que é perseguição política. Teremos discernimento de responsabilidade de arcar com qualquer coisa que seja”, disse.