A Mostra Cinema e Direitos Humanos chega à 12ª edição. Para quem gosta de filmes e programas culturais, esta edição exibe ao todo 40 películas, divididas em quatro eixos: temática; panorama; mostrinha, dedicada ao público infantojuvenil; e homenagem, que celebra a carreira do ator e diretor Milton Gonçalves.
A iniciativa, criada em 2006 e realizada pelo Instituto Cultura em Movimento (Icem) e do Ministério dos Direitos Humanos, será, pela primeira vez, descentralizada e contará com exibições em São Sebastião, Recanto das Emas, Planaltina, Espaço Renato Russo e Liberty Mall.
A mostra, gratuita e aberta para todos os públicos, começou ontem, em São Sebastião, e vai até segunda-feira, dia 26. A abertura oficial ocorre hoje, a partir das 19h, no Espaço Cultural Renato Russo, localizado na 508 Sul. As sessões serão exibidas hoje e amanhã na Asa Sul; quinta-feira, no Instituto Federal de Brasília (IFB), no Recanto das Emas; sexta-feira, sábado e domingo, no Cine Cultura Liberty Mall; e segunda, em Planaltina.
Os filmes abordam uma grande variedade de temáticas dos direitos humanos, como questão de gênero, população negra, indígena, LGBT, imigrantes, direitos da criança, idosos, mulheres, pessoas com deficiência, direito à saúde, educação, diversidade religiosa e meio ambiente.
A aceitação do público tem sido notada, ano a ano. Na 10ª edição, ocorrida em 2015, o evento atraiu 25 mil espectadores. Na última, no ano passado, 45 mil pessoas foram recebidas nas salas de exibição, como conta a curadora. Os bons números são resultado de pesquisa de público, realizado pela Icem. “Nós fizemos um questionário simples, perguntando quais temas a sociedade gostaria que fossem abordados. Nós percebemos que, em 2015, as pessoas não conheciam noções de direitos humanos, então, em 2017, produzimos uma cartilha sobre a Declaração dos Direitos Humanos. As pessoas estão mais antenadas a cada edição”, salienta.
A escolha das películas participantes foi uma árdua tarefa. Mais de 350 produções se inscreveram, por meio de chamada pública. Delas, 35 fazem parte do circuito. “Não foi fácil decidir quais produções integrariam a mostra, recebemos trabalhos incríveis, de todos os cantos do país”, diz Tatiana.
Para garantir que todos os públicos aproveitem a mostra, as sessões contam com o closed caption, legenda que possibilita que deficientes auditivos acompanhem o conteúdo, e sessões selecionadas contarão com audiodescrição e Libras. Os espaços selecionados para as exibições possuem estrutura acessível para diferentes públicos, além da programação em Braile para consulta.
A arte ensina
Levar às escolas o aprendizado por meio de atividades recreativas é uma meta do Centro Educacional (CEd) São Francisco, que sedia as exibições dos filmes, em São Sebastião. O colégio é conhecido por incentivar a participação dos alunos em produções cinematográficas. Matheus Costa, 23 anos, supervisor do CEd, diz que os alunos produziram mais de 40 filmes e 180 curtas, alguns deles premiados. “Nos últimos dois anos, ganhamos os títulos de melhor diretor, melhor ator e atriz, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro”. Segundo ele, o cinema é uma ferramenta valiosa de aprendizagem. “A arte é o principal meio de inserção dos alunos, para que eles aprendam por meio da pesquisa, da observação e da interação”, conta.
A escola São Francisco tem em seu programa pedagógico a produção anual de peças audiovisuais, que integram as demais disciplinas em único projeto avaliativo. A professora de história do CEd, Germana Costa, 25, acredita que usar a arte para transmitir conteúdo, além de gerar engajamento em temas pouco abordados, é uma iniciativa que completa o processo de aprendizado. “Podemos oferecer aos alunos um ambiente aberto ao diálogo e tratar assuntos polêmicos de forma pedagógica. Este é o caso dos direitos humanos, que são pouco creditados, sobretudo nas periferias”, observa a professora.
Discussão
Os bons exemplos gerados pela inserção das artes em ambiente escolar ampliam a discussão sobre a necessidade da adoção do exemplo em outras escolas. A São Francisco foi escolhida pela produção do evento, por ser uma das grandes incentivadoras da sétima arte, conforme explica Melina Bomfim, 35 anos, produtora local da mostra. “Atingimos um público jovem e bem preparado para o tema, porque está habituado a tratar o assunto em conjunto com o cinema”, ressalta.
A onda de engajamento atinge a fundo os alunos que participam das atividades e expandem os horizontes dos jovens, que construirão o amanhã. Ana Luíza da Silva, 16 anos, uma das alunas que atuam ativamente na programação de cinema, sonha em trabalhar com produção audiovisual. A menina acredita que a escola deve incentivar o debate sobre os temas polêmicos e auxiliar os alunos a enfrentarem os preconceitos.
12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos