O brasileiro está consumindo mais produtos como azeite, suco congelado, sobremesas e lanches prontos. Por outro lado, está comprando menos itens como bebida à base de soja, óleo de soja, polpa de tomate e alisantes. É o que mostra pesquisa da Kantar Worldpanel sobre as principais mudanças e tendências na composição do carrinho de compras das famílias.
O levantamento analisou o volume de compras de 108 categorias de giro rápido no período de junho de 2017 a junho deste ano, a partir do monitoramento semanal de mais de 10 mil lares no País (representativos de 55 milhões de domicílios).
Para a diretora de marketing da Kantar Worldpanel, Giovanna Fischer, a pesquisa mostra uma maior procura por praticidade e por produtos considerados mais saudáveis, mesmo em um cenário de recuperação lenta do economia e do consumo das famílias. “Dentro de um cenário em que o consumidor continua com o bolso apertado, as escolhas ficam cada vez mais relevantes. O consumidor escolhe ou pelo custo ou pelo benefício. Economiza em algumas coisas para poder fazer outras escolhas.”
De acordo com a pesquisa, o volume total de compras dessa cesta de produtos segue sem crescimento significativo pelo terceiro ano consecutivo, tendo fechado o primeiro semestre com um avanço de apenas 3% na comparação com o patamar do final de 2015.
A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) projeta um crescimento de 2,53% no ano nas vendas nos supermercados em termos reais. Mesmo com uma recuperação ainda tímida do consumo, a pesquisa mostra que cresceu o consumo de alguns produtos não essenciais e mais caros. Mas não necessariamente supérfluos.
“Quando o consumidor valoriza o benefício que a categoria está proporcionando, ele continua colocando no carrinho. Agora, quando uma categoria perde relevância ou deixa de atender o que se espera, ele tira do carrinho”, disse Fischer.
Como exemplo de produtos que passaram a ser mais consumidos por facilitar a vida do consumidor, ela cita os lanches prontos e a torrada industrializada. “É um produto que não precisaria ser comprado. Você pode pegar o pão em casa e colocar no forno. É uma categoria que virou meio que aspiracional”, destacou.
Apelo saudável
A pesquisa confirma também a tendência de um maior consumo de produtos com apelo mais saudável, que trazem a simbologia de maior naturalidade e pureza. Para a nutricionista Cynthia Antonaccio, o avanço dessas categorias reflete tanto uma maior preocupação dos brasileiros com a saúde quanto a maior oferta da indústria.
“O consumidor está buscando mais suco, mais água de coco, mais azeite. Isso é uma escolha mais saudável. Mas deixar de consumir óleo de soja e bebida à base de soja não torna ninguém necessariamente mais saudável. A questão é que a maior busca por naturalidade e nutrição faz crescer também a oferta por parte da indústria, e itens mais naturais e menos processados passam a ganhar espaço na cesta do brasileiro”, afirmou.
Substituição de produtos
O levantamento mostra que há um movimento de substituição de produtos. O aumento do consumo de azeite, por exemplo, foi observado em todas as faixas etárias e refletiu em uma queda das compras de óleo de soja e milho. “Há uma busca por qualidade e saudabilidade e temos estudos que mostram que as pessoas estão usando mais azeite para cozinhar também”, destacou a diretora da Kantar.
Já a polpa e o purê de tomate têm perdido espaço para os molhos prontos. “Fazer molho de tomate é uma coisa que demanda trabalho. Tem que picar cebola, temperar”, observou.
Outra tendência é a redução da quantidade de produtos de limpeza usados dentro de casa, com os multiusos ganhando a preferência sobre os específicos. “São muitos segmentos. Se antes comprava três, agora compra dois. E não necessariamente porque é mais barato, mas porque não se viu o benefício de se ter tantos produtos diferentes”, concluiu Fischer.