Policia Civil do DF faz buscas em cidades do Entorno para desarticular quadrilha

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Seguem foragidos dois líderes de facção que atuava em presídios do DF

Para desarticular facções que comandam, de dentro e fora da prisão, assassinatos, tráfico de drogas e assaltos, policiais civis do Distrito Federal foram às ruas ontem para cumprir 58 mandados de prisão preventiva e 49 de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do DF. Até o fim do dia, eles deram ordem de prisão a 38 suspeitos, sendo que 20 já estavam detidos no Complexo Penitenciário da Papuda. Os demais são bandidos soltos, envolvidos no planejamento dos crimes que financiam o grupo.

Na Operação batizada de Hydra, agentes realizaram as prisões em Brasília, São Paulo, Praia Grande (SP), Águas Lindas (GO), Santo Antônio do Descoberto (GO) e Curitiba (PR). Dos que continuavam foragidos havia dois homens apontados como líderes do bando. Eles eram procurados nas capitais paulista e paranaense.

Entre os presos no DF estão um advogado e uma advogada. A investigação aponta que eles trabalhavam como facilitadores para o bando e um deles havia sido preso por tentar entrar em presídios com drogas. “Geralmente, eles andam transferindo ordens para fora do presídio. A advogada presa nessa etapa da operação participava até mesmo de decisões da organização”, contou o delegado Thiago Boeing, da Divisão de Repressão às Facções Criminosas (Difac). Os investigadores decidiram não divulgar os nomes dos suspeitos.

Recrutamento

O grupo que tentava se instalar no DF tem forte atuação em outras unidades da Federação, como Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo do bando, segundo os investigadores, é recrutar integrantes tanto dentro dos presídios quanto fora deles. De acordo com o apurado na operação, a quadrilha é extremamente organizada e conta com pessoas especializadas na prática, atuando dentro e fora dos presídios do Brasil.

De acordo com um dos delegados à frente do caso, Fernando César Costa, o trabalho de combate à facção criminosa começou em 2001. “Deflagramos várias operações para desarticular qualquer célula que tente entrar no DF”, ressaltou.

Em relação aos suspeitos que se encontravam na Papuda, Fernando explicou que eles terão uma nova acusação somada à pena que já cumpriam. Os demais serão indiciados por integrar associação criminosa e, se condenados, podem ficar presos por até 13 anos. Todos foram detidos preventivamente e permanecerão na cadeia até o fim do processo. A decisão partiu da 4ª Vara Criminal de Brasília.

Entre os suspeitos, estava uma mulher foragida desde a mais recente operação realizada pela Polícia Civil para combater facções criminosas, deflagrada em abril e batizada de Prólogo (leia Memória). Ela foi encontrada em Praia Grande, no litoral de São Paulo. A suspeita atuava na parte contábil do bando e tinha um cargo de liderança, de acordo com a investigação. Ela responde por criar uma casa de apoio aos presos em Mossoró (RN), onde funciona o presídio federal, que tinha o intuito de fortalecer a facção na cadeia. A suspeita dos agentes do DF é de que ela tentaria instalar a mesma central de auxílio na inauguração do presídio federal de Brasília, que está pronto para funcionar.

O delegado Thiago Boeing diz que, em só um crime realizado pela facção, eles faturaram R$ 1,3 milhão com venda de cocaína. “Nossa suspeita é de que o grupo pretendia instalar a liderança dos criminosos no presídio federal de Brasília e iniciar o mesmo esquema de outros estados no complexo (da Pauda)”, disse.

Articulados

Os investigadores à frente do caso dizem que o grupo funciona de forma extremamente articulada. Para ingressar na organização, os criminosos precisam cumprir missões designadas pela liderança e ainda pagar uma espécie de mensalidade. Entre os crimes praticados por eles, está desde tráfico de drogas a homicídio. “Estamos falando de pessoas especializadas em crimes. Eles atuam naquilo que conseguem lucro, independentemente do delito”, reforça o delegado Fernando César.

Caso um dos integrantes que estejam no grupo seja preso, eles ainda recebem uma espécie de auxílio-reclusão. Quem está no sistema penitenciário procura o bando para conseguir proteção. Em troca cumprem tarefas para fortalecer o grupo. Todo membro precisa ser batizado. Para fazer parte da associação é necessário ter um “padrinho”. Se um dos integrantes for denunciado por um companheiro, ele ainda pode enfrentar um julgamento e até ser executado, caso seja “condenado”.

A célula da facção é denominada 61, em referência ao DDD da região. Eles atuavam em regiões do Entorno e em Brasília, mas o delegado Fernando César garante que a facção, por enquanto, está extinta na capital. “Caso alguém demonstre interesse em entrar na organização, a orientação dos criminosos é de que a pessoa procure cidades de Goiás, porque o trabalho da Polícia Civil do DF impede a instalação deles aqui”, afirmou César.

Há suspeitas de que a facção criminosa esteja expandindo os negócios para fora do Brasil. O delegado Thiago Boeing afirma que há indícios de que há pessoas batizadas na Bolívia, mo Paraguai e até mesmo na Espanha.
Memória

2018
Em 24 de abril, a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a Operação Prólogo no Complexo Penitenciário da Papuda. A ação dos agentes desarticulou formação de facções criminosas que atuam no sistema penitenciário. Mesmo encarcerados, 13 detentos tiveram a prisão preventiva decretada, o que os impediram de obter benefícios de progressão do regime ou saídas.

2015
As policias Federal e Civil trabalharam juntas na Operação Tabuleiro, desencadeada em 16 de outubro para desarticular uma quadrilha de tráfico interestadual de drogas. Os agentes cumpriram 23 mandados de busca e apreensão, sete conduções coercitivas e 20 mandados de prisão somente na capital. O grupo também é suspeito de praticar homicídios no DF e no Entorno. Durante monitoramento dos criminosos, que durou oito meses, os investigadores apreenderam aproximadamente 5 toneladas de drogas. – CB

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