Mauro Carlesse (PHS), presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins e governador interino do Tocantins, comemorou a vitória no segundo turno das eleições suplementares ao cargo que ocupava até domingo (24/6) de forma provisória para concluir o mandato que vai até 31 de dezembro. “Momento de muita emoção. Resultado de um trabalho sincero em prol do povo tocantinense. Meu profundo agradecimento a cada um que acreditou no nosso projeto. Nossa campanha foi linda, cheia de alegria e o resultado não poderia ter sido melhor. Prometo honrar cada voto recebido e farei uma gestão que orgulhará a todos tocantinenses. Muito obrigado, Tocantins!”, agradeceu o governador eleito ontem.
Com 368.553 votos, Carlesse e Wanderlei Barbosa (PHS), candidato a vice-governador na chapa, foram eleitos com 75,14% da votação válida. Ao olhar apenas esses dados, parece mesmo uma vitória expressiva sobre o senador Vicentinho Alves (PR) e seu candidato a vice, Divino Bethânia Jr (Pros), que receberam o voto de 121.908 eleitores, o que representa 24,86% dos votos válidos de domingo no segundo turno das eleições suplementares no Tocantins.
Só que os votos recebidos por Mauro Carlesse e Vicentinho Alves somado representam apenas 39,09% do total de 1.018.329 eleitores que todo o Estado do Tocantins tem. Apenas 663.297 foram votar. Desses, só 490.461 votaram nos dois candidatos a governador. Então as eleições serão anuladas? Tivemos 50% mais um voto a mais do que a votação recebida pelos concorrentes no pleito.
Negativo. Esse mito surge a cada dois anos e muita gente embarca nessa informação furada. De acordo com a legislação eleitoral, valem apenas os votos válidos, aqueles dados a um partido ou candidato. O restante, que incluem os votos em branco, nulo ou quem não foi votar – as abstenções -, são descartadas da contagem da eleição. E no último domingo tivemos a comprovação com o segundo turno das eleições suplementares do Tocantins que mesmo com apenas 39,09% de votos válidos tivemos um governador eleito para mandato tampão.
Dos que foram votar no Tocantins, 17.209 votaram em branco. Esses 2,59% dos eleitores tocantinenses se juntam a 155.627 que anularam seus votos nas urnas. 2,59% de votos brancos mais 23,46% de votos anulados já são 26,05% do eleitorado que não escolheu um dos dois candidatos a governador. Somados às 355.032 pessoas (34,86%) que nem foram votar (abstenções), o número supera os 50% mais 1 de votos nulos, brancos e abstenções: 60,91%. O que acontece com esses 60,91%? São considerados votos inválidos e em nada influenciam na contagem eleitoral. Resultado? Mauro Carlesse eleito governador na votação suplementar do Tocantins, com mandato que vai até dia 31 de dezembro.
Em outubro muda?
Carlesse pode disputar mandato nas eleições regulares, que serão realizadas em outubro, para tentar a reeleição para ficar mais quatro anos no poder. E o que acontecerá se mais de 50% mais 1 dos eleitores tocantinenses, de todo Brasil ou de qualquer outro Estado de não forem às urnas votar, optarem por apertar a tecla branco ou anular suas escolhas? Teremos presidente e vice-presidente da República, 27 governadores e vice-governadores, dois senadores por Estado, 513 deputados federais, além dos estaduais, eleitos com base apenas nos votos válidos.
Você acredita que votar nulo, em branco ou deixar de ir a sua seção de votação participar do processo é uma forma de protesto válido em uma eleição obrigatória? É uma opção sua que deve ser respeitada. Em todos os países democráticos do mundo, com sistemas eleitorais em que o sufrágio universal é obrigatório ou facultativo, cabe ao eleitor escolher – em cada modelo ele arca com as consequências da sua decisão – se quer se manifestar na urna ou não. Mas saiba que o seu protesto não muda o resultado das eleições, que serão decididas por aqueles que escolherem algum dos candidatos no primeiro e segundo turnos.