O evento que oficializou o apoio de prefeitos e lideranças do MDB à candidatura do senador Ronaldo Caiado (DEM) para o governo de Goiás mostra, mais uma vez, que o principal partido de oposição ao governo do Estado ainda não aprendeu, mesmo após sucessivas derrotas, como disputar uma eleição em Goiás.
O ato dessa terça-feira (20/3) escancara não apenas a divisão interna no MDB, mas como a oposição, frágil e sem rumo, insiste em uma política de baixo nível e nada coesa.
Na solenidade que lotou o auditório da Assembleia Legislativa de Goiás na manhã desta terça-feira (20/3), entre discursos mais apaixonados e outros bem amenos, os emedebistas dissidentes divergiram até mesmo entre si.
O deputado José Nelto (MDB) e os prefeitos Paulo do Vale (Rio Verde) e Renato de Castro (Goianésia) basearam suas falas indicaram acreditar no diálogo com a ala vilelista ao garantir que o trabalho pela união continua.
Já Fausto Mariano (Turvânia) e Ernesto Roller (Formosa) optaram por um discurso mais duro e o primeiro deles chegou a dizer que Daniel sairia humilhado das urnas e com o fim iminente de sua carreira política.
“Se o MDB não tiver juízo, esse rapaz vai encerrar vergonhosamente sua carreira política e não vai ter nem 10% dos votos”, bradou Fausto durante discurso.
Roller foi o autor dos ataques ao ex-prefeito de Aparecida de Goiânia e pai de Daniel, Maguito Vilela. Em entrevista coletiva, ele acusou o líder de dizer que o filho apoiaria o vice-governador Zé Eliton (PSDB) em um eventual segundo turno. O atrito surge após o ex-prefeito ter dito à imprensa que os dissidentes deveriam ter a decência de deixar a legenda.
“Eu acho que o Maguito não é o mais indicado para falar em decência. Nós temos exemplos de pessoas que dão conta de que eles estão ligando para pessoas pedindo apoio e dizendo que, no segundo turno, juntará com o apoio do governo”, declarou Roller.
Convidado de honra e recebido aos gritos de “governador”, Caiado optou pelo discurso mais ameno. O democrata deixou as críticas apenas para o governo de Goiás e citou Daniel poucas vezes, ainda como um provável futuro aliado. Afirmou também que o MDB terá vagas garantidas na chapa majoritária, na vice e ao Senado.
Apesar de praticamente todos interlocutores do senador darem sua candidatura como certa, Caiado repetiu que esperará até julho para definir quem será o nome que atenderá os critérios para unir a oposição. O parlamentar chegou a dizer que abriria mão de concorrer, caso fosse necessário.
Questionado sobre o clima de animosidade no MDB por conta do apoio ao seu nome, o senador desconversou e disse não poder interferir em questões internas de outra legenda.
Enquanto isso, o MDB deve enfrentar, agora, novo impasse. Ficará a cargo da Executiva estadual decidir se alguma medida será tomada contra os dissidentes. Interlocutores de Daniel alegam existir a possibilidade, já os “rebeldes” batem o pé e duvidam que o partido tope enfrentar mais um desgaste. – Por Marcelo Gouveia, repórter do Jornal Opção de Goiás