Goiás: O ponto de partida para a construção de Brasília

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Estudos do Professor Paulo Fernando (foto central) faz revelação surpreendente sobras a origem dos trabalhadores que construíram Brasília. - Fotos históricas: Arquivo Nacional

Em um ousado projeto de transformação do cenário político brasileiro, em 1956, teve início a construção de Brasília, a nova capital federal. Nos meses iniciais desse empreendimento monumental, um fenômeno demográfico marcante foi observado: o significativo fluxo de migrantes de diversas partes do país, especialmente de Goiás e Minas Gerais, contrariando a crença popular de que os “candangos” eram predominantemente nordestinos.

De acordo com um estudo minucioso conduzido pelo professor Paulo Fernando, especialista em história urbana e demografia, a contribuição dos goianos e mineiros foi crucial nos estágios iniciais da construção. Os dados levantados pela Inspetoria Regional de Estatística de Goiás em 1957, coordenada pelo estatístico Célio Fonseca, revelaram que, naquele ano, Brasília abrigava aproximadamente 6.283 habitantes. Entre eles, 4.600 eram homens e 1.683 mulheres, refletindo uma população jovem e dinâmica, com predominância de trabalhadores não especializados e profissionais da construção civil.

“A pesquisa destacou que os goianos não apenas contribuíram com uma grande quantidade de trabalhadores, mas também foram responsáveis por diversos aspectos da construção inicial da cidade”, afirmou o professor Paulo Fernando. “Era comum encontrar migrantes de cidades vizinhas como Planaltina, Formosa e Luziânia, além de significativa presença de mineiros, como os 42 provenientes de Araxá, que desempenharam um papel fundamental na construção do Catetinho, a primeira residência oficial da cidade”, acrescentou.

Além da mão de obra, a pesquisa revelou aspectos detalhados da demografia da época: solteiros constituíam a maioria, seguidos por casados e viúvos. A ocupação profissional variava amplamente, incluindo desde trabalhadores braçais até profissionais como engenheiros e professores, essenciais para a infraestrutura emergente da capital.

Com o passar dos anos, o censo oficial de 1958 e os subsequentes em 1960 e 1970 documentaram um crescimento exponencial da população, refletindo não apenas a continuidade da migração de várias partes do país, mas também a consolidação de Brasília como um centro urbano vibrante e diversificado.

“Os dados demográficos destacam a trajetória única de Brasília, desde sua fundação até se tornar um ponto de convergência para brasileiros de todas as regiões”, observou o professor Paulo Fernando. “É um testemunho não apenas da visão arquitetônica de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mas também do esforço e dedicação de milhares de brasileiros que ajudaram a construir esta cidade monumental”, concluiu.

Atualmente, enquanto a população nascida no Distrito Federal constitui a maioria, a presença da geração dos pioneiros, seus filhos, netos e bisnetos, continua a ser um símbolo de integração e unidade nacional em Brasília, a capital de todos os brasileiros.

Os estudos do Professor Paulo Fernando, sobre a demografia e a história da construção de Brasília, oferecem uma visão rica e detalhada dos primeiros anos da capital federal, destacando o papel fundamental dos goianos e mineiros na sua fundação. Por: André Teixeira

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