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Antes mesmo da alvorada e do maracatu contornar a Oceânica e desaguar na Paciência, os filhos de Iemanjá saúdam a Rainha das Águas Salgadas. Odoyá! Os fogos anunciam que tem festa no mar.

Expressão da cultura e da religiosidade de matriz africana, o 2 de fevereiro é uma das tradições mais simbólicas do calendário de festejos populares em Salvador e movimenta milhares de baianos.

Pelo segundo ano consecutivo, a prefeitura de Salvador decidiu cancelar os festejos por conta do aumento de casos de Covid-19 e a alta taxa de ocupação de leitos hospitalares, o que não impediu alguns fiéis de reverenciar e prestar suas homenagens para a rainha do mar.

“Antes de trabalhar, abaixo de Deus, não posso deixar de colocar meu balaio para agradecer minha mãe Iemanjá”, disse emocionada, Jucimara Santos, 44 anos, que foi agradecer também pelo seu aniversário e pela sua recuperação.

Jucimara estava internada desde o último dia 25 de dezembro após receber diagnóstico de covid-19 e pneumonia. Vacinada com a dose única, ficou impossibilitada de receber a dose de reforço devido ao seu estado de saúde. A esperada alta veio no dia 02 de janeiro e hoje foi o dia de agradecer pela graça alcançada.

“Pedi com fé à minha mãe Iemanjá que me desse a cura pra estar aqui nesse dia tão importante pra mim e para minha família. Eu consegui!”, comemorou.

A aniversariante Jucimara Santos, 44 anos, foi agradecer Iemanjá pela sua recuperação na batalha contra a Covid-19
A aniversariante Jucimara Santos, 44 anos, foi agradecer Iemanjá pela sua recuperação na batalha contra a Covid-19|  Foto: Foto: Olga Leiria |Ag. A Tarde| 

Notável pelo fluxo intenso de pessoas e pela diversidade daqueles que cruzam as ruas de um dos locais mais boêmios da capital baiana, o Rio Vermelho, onde a fé e o profano coexistem, é o palco para as celebrações voltadas para a mãe dos peixes, protetora dos pescadores e das águas dos rios.

E foi nesse compasso que o paulista e digital influencer, Kaio Henrique, se apaixonou pela cidade após chegar em 2018 para conhecer e participar pela primeira vez dos festejos dedicados à Iemanjá e se apaixonar à primeira vista.

“A cidade vive de forma contínua a relação com a religião do candomblé, a conexão com o mar, ali eu tive a certeza que cheguei pra ficar”, afirmou.

O paulista Kaio Henrique se mudou para a Bahia e cria conteúdo para um canal sobre candomblé
O paulista Kaio Henrique se mudou para a Bahia e cria conteúdo para um canal sobre candomblé|  Foto: Foto: Olga Leiria |Ag. A Tarde|

Kaio atualmente mora em Salvador e é administrador de um perfil na rede social, com 72 mil seguidores, voltado para a promoção do candomblé. No perfil, o influencer fala sobre os orixás, materiais energéticos e dialoga com pessoas de diversas crenças.

“É um momento de ressignificação de vários conceitos, é importante ter espaço. Quem está de fora começa a entender e respeitar a religião que eu amo e tenho muito orgulho de fazer parte”, diz.

Quando criança, o paulista teve uma educação religiosa que associava  oferendas – uma reverência aos orixás nas religiões afro-brasileiras – a uma conotação pejorativa e preconceituosa. Com a aproximação com a religião, o influencer afirma que busca ressignificar o conteúdo para aqueles que tem algum tipo de preconceito e ser referência para outras pessoas.

“Falar de Iemanjá e não se emocionar é algo muito difícil! O amor e a fé que correm dentro de mim explodem cada vez que mais confio. Ela me cura todos os dias, me renova, cuida do meu coração e principalmente, não me abandona!”.

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