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Juros do cartão de crédito continuam subindo

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Apesar de a taxa básica de juros (Selic), de 3,75% ao ano, menor patamar da história, os juros médios cobrados pelo mercado financeiro continuam em patamares elevados se comparados com o resto do mundo. O campeão é o cartão de crédito, cujas taxas não param de subir. Passaram de 322,6% ao ano, em fevereiro, para 326,4% ao ano, em março, conforme do Banco Central divulgados nesta terça-feira (28/04).

“Houve aumento no custo do cartão de crédito rotativo total, mostrando que essa modalidade é a mais taxa na economia brasileira para os clientes dos bancos. Eles devem evitar, na medida do possível, mediante maior planejamento financeiro e pesquisa em busca de melhores em termos de linha de crédito a prazo”, comentou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, em videoconferência para jornalistas.
As concessões para esse tipo de modalidade no rotativo recuaram 3,4%, no mês, e 5,8%, no acumulado do trimestre, segundo os dados do BC. A média total do volume de empréstimos às famílias recuou 0,3% no mês passado, em comparação a fevereiro. “As pessoas podem estar pensado duas vezes e adiando as compras. Possivelmente, essa situação com muita gente em casa reduz as despesas com cartão”, destacou Rocha.
O BC informou que a taxa média de juros das operações contratadas em março alcançou 22,7% ao ano, com quedas de 0,4 ponto percentual, no mês, e de 2,3 pontos percentuais, em 12 meses. As taxas de juros médias voltadas para pessoa física tiveram queda e 0,6 ponto percentual em março, mas acumulam alta de 0,1% no trimestre em 12 meses, ou seja, dando sinais de estabilidade, em média de 46,1% anuais. Considerando apenas o crédito para as famílias, excluindo o direcionado continuam o custo continua elevado, na casa de 94,7% ao ano.
No caso do financiamento para veículos as taxas médias passaram de 19,4% para 19,8% ao ano, registrando altas de 0,4 ponto percentual no mês e de 0,6% no trimestre. Os juros do cheque especial ficaram na casa de 130% anuais, praticamente estável em relação ao mês anterior.
Rocha não comentou se a oferta de crédito está sendo suficiente para atender a demanda por crédito no mercado porque, segundo ele, os dados que o BC coleta junto aos bancos são referentes apenas aos empréstimos contratados.

Operações de crédito

Conforme dados do BC, o saldo das operações de crédito no Sistema Financeiro Nacional totalizou R$ 3,6 trilhões em março, registrou avanço 2,9% no mês, com aumento de de 6,4% na carteira de pessoas jurídicas (de R$1,5 trilhão) e de 0,3% na de pessoas físicas (de R$ 2,1 trilhões). Como consequência, o crescimento em doze meses da carteira total cresceu 7,4%, em fevereiro, para 9,6%, em março.
Ao ser questionado pelo Correio sobre se os dados de março ainda não refletem a piora da atividade econômica devido à pandemia da Covid-19, Rocha foi taxativo. “Os dados refletem adequadamente as condições da economia.”
O BC informou ainda que os números dessazonalizados do mercado de crédito em  março, considerando os mesmos números de dias úteis, apontam para uma queda maior nas operações de crédito para as famílias, de 12% entre fevereiro e março no mercado financeiro, desconsiderando o crédito direcionado de bancos públicos. Nessa forma de contabilização o volume total de crédito teve avanço de 3,5% no mês e de 6,2% no trimestre.
Os dados do relatório do BC mostram ainda que a taxa média de inadimplência registrou crescimento entre fevereiro e março, passando de 3% para 3,2%. A incidência de calote da pessoa física passou de 3,6% para 3,9% no mesmo período. A da pessoa jurídica recuou de 2,2% para 2,1%.

Spread

A taxa média do spread bancário no mercado financeiro (a diferença entre os custos de captação e de empréstimos aos bancos, incluindo a margem de lucro), teve recuo entre fevereiro e março, 18,6 para 18 pontos percentuais, com aumento de 0,2 ponto percentual no acumulado do trimestre, de acordo com o relatório do BC.
Na avaliação Rocha, essa queda mensal no spread é resultado, principalmente, “do aumento do custo captação dos bancos, porque a curva de juros subiu devido ao aumento dos riscos”. Contudo, o spread no mercado para a pessoa física no mercado de recursos livres aumentou. Passando de 34,1 para 34,5 pontos percentuais.
Fonte: Correio Braziliense

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