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Peixe-boi em cativeiro mais idoso do mundo completa 63 anos

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Este domingo (22) foi um dia bastante especial também para quem visitou o Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco, em Belém. O lugar ofereceu programação para comemorar os 63 anos de vida do peixe-boi Cajuru. Ele é o peixe-boi mais antigo em exposição no Brasil e pode ser até do mundo. No Bosque, o Cajuru é o animal símbolo e mais velho do lugar. Além de festejar o aniversário do animal, que teve direito a um bolo de capim com legumes, verduras e frutas, a ampla programação era alusiva a diversas datas comemorativas ocorridas em setembro: o Dia da Amazônia (ocorrido dia 5), o Dia da Árvore (21) e o Dia da Fauna (22).

Devido às datas, Ana Célia Souza, pedagoga que coordena a Educação Ambiental no Bosque, cita que no sábado ocorreram atividades de plantio simbólico e distribuição de brindes e de mudas no Bosque. Neste domingo teve ainda exposição sobre a vegetação do parque, feirinha de produtos de reaproveitamento e retirados da natureza, literatura de cordel e bolo para homenagear o Cajuru. Além de pintura do peixe-boi com as crianças, o público obteve informações sobre as especificidades do animal e prestigiou exposição de animais empalhados.

“O Cajuru é o peixe-boi e todos têm grande carinho por ele, pois é considerado o peixe-boi em cativeiro mais idoso do mundo, porque a estatística de vida é de 50 a 55 anos. É um macho, tem toda uma simbologia, é querido e um dos animais mais visitados. Todos os anos ele é homenageado com festa de aniversário”, afirma a coordenadora.

A auxiliar financeira Carmem Melo, 45 anos, esteve no Bosque e estava fitada prestigiando o Cajuru há bastante tempo. “Acho que ele está inibido, estou esperando ele vir para fora da água para comer o capim, eu queria ver ele todo. Fico muito feliz pelo aniversário dele. Amo a natureza e os animais, e somos privilegiados em termos um lugar desse dentro de Belém. Me sinto maravilhada em um ambiente como esse, que é tranquilo e com paz”, disse Carmem, que esteve pela segunda vez este ano no Bosque.

“Temos carinho especial pelo peixe-boi. A gente ensina a minha filha Letícia, que tem quatro anos, a valorizar sempre a natureza. A gente vem aqui uma vez ao mês, porque ainda dá para a criança brincar e ver os animais. O peixe-boi representa a Amazônia e merece todo carinho e respeito”, afirma a bancária Sheila Monteiro, 44 anos.

Peixe-boi está na lista vermelha de ameaça de extinção.

Para Távison Rômulo da Silva, biólogo no Bosque, a homenagem e mobilização pelo aniversário do animal é também uma oportunidade para ajudar na conscientização da espécie, que está na lista vermelha de ameaça de extinção.

“Há três espécies de peixe-boi no mundo: o africano, o que ocorre pela costa do nordeste brasileiro e o amazônico, como o Cajuru. Ele é um animal ameaçado de extinção e a caça é proibida. Porém, a recuperação da taxa de crescimento populacional é lenta, pois o peixe-boi gera um filhote a cada três anos sendo um ano de gestação e um ano de cuidado parental. Esperamos que daqui a alguns anos ele saia da lista vermelha de espécie ameaçado”, afirma.

Ele tem o nome científico Trichechus inumguis (Trichechus em referência aos pelos na região dorsal. Inumguis quer dizer sem unhas, na linguagem indígena). Ainda segundo o biólogo, o Cajuru é o peixe-boi mais antigo em exposição no Brasil e pode ser até do mundo.

“O peixe-boi vive em média 50 anos em ambiente natural. O Cajuru está com 14 anos além da expectativa de vida para a espécie. Isso se deve muito aos nossos cuidados, como alimentação regulada, controlada, observação de área, intervenção médica, quando preciso. Ele está bem de saúde, apesar de ser um animal idoso. A gente faz esse trabalho de educação ambiental para ajudar na conscientização das pessoas falando da importância ecológica e a biologia dele, pois assim é mais fácil as pessoas preservarem”.

De acordo com ele, ainda não há estimativa sobre quantos da mesma espécie ainda existem na Amazônia. O peixe-boi é um mamífero aquático e herbívoro, e tem grande importância ecológica à Amazônia. “Ele é como se fosse um jardineiro dos rios e da flora aquática da Amazônia, porque ao comer ele defeca e as fezes servem como adubo às plantas aquáticas”, destaca o biólogo.

O Cajuru tem cerca de três metros de cumprimento e de 250 a 300 quilos. Ele tem que comer todos os dias pelo menos 10% do peso dele, isto é, cerca de 25 a 30 quilos de capim, legumes, verduras e frutas, dentre as quais, como bom paraense, prefere a manga.

Ele vive no Bosque há pelo menos 50 anos. Conta a lenda que Cajuru vivia em uma das praças de Belém, ou da Batista Campos ou da República, com a irmã, Maíra, que depois ela foi viver no Museu Emílio Goeldi, em Belém, onde morreu há sete anos.

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