Dois meses após denunciar um suposto estupro de Neymar, que acabou não sendo indiciado no final das investigações da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, Najila Trindade evita sair de casa em São Paulo. A modelo fica incomodada com os olhares e a situação piora quando ela é reconhecida. Sem cerimônia, algumas pessoas sacam o celular e tiram fotos. Ela está sendo acompanhada por um psicólogo e não tem planos definidos para o futuro.
A modelo ficou arrasada ao saber que a delegada Juliana Lopes Bussacos, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, de Santo Amaro, afirmou não ter encontrado provas para indiciar Neymar no inquérito do estupro que ela denunciou. As investigações foram encerradas na segunda-feira e enviadas para o Ministério Público. A delegada informou que não poderia oferecer detalhes da decisão, pois o inquérito corre sob segredo de justiça.
O MP terá 15 dias para avaliar o inquérito. As promotoras do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) podem oferecer denúncia (acusação formal à Justiça), pedir o arquivamento do inquérito ou novas diligências. “Minha decisão não obsta o prosseguimento da ação”, disse a delegada.
As conclusões do MP e da Polícia Civil vão embasar a decisão final da juíza da Vara da Região Sul 2 de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. “Ele fez o que fez e ainda saiu livre”, disse a modelo ao advogado Cosme Araújo assim que soube do fim das investigações.
Najila afirma que roubaram o seu tablet e o celular que teriam um vídeo do segundo encontro com Neymar – a polícia investiga também esse episódio.
Paralelamente, a 11ª Delegacia de Polícia de Santo Amaro investiga se a modelo cometeu uma suposta denúncia caluniosa ou fez uma falsa comunicação de estupro. O inquérito foi instaurado após uma petição de Neymar e seu pai e corre sob sigilo de justiça.
Baiana de Ilhéus, Najila veio para São Paulo quando tinha seis anos. Ela vem de uma família simples e humilde que nunca chegou a viver grandes necessidades, embora ela tenha mais cinco irmãos. O pai, Edval, ainda mora em Ilhéus e indicou o advogado atual que defende a filha. A modelo foi para lá para se refugiar no meio das investigações.
Najila sempre morou com a mãe, empregada doméstica, mas saiu de casa aos 19 anos quando engravidou. Um baque. A gravidez não foi planejada. Ela foi morar com o ex-marido, Estivens, e os dois viveram um relacionamento conturbado por sete anos. Aos amigos, ela conta que não consegue fazer planos. Diz que sua vida mudou depois da acusação de estupro. Ela visita um psicólogo uma vez por semana em São Paulo e tem dificuldades para dormir. Liga para os conhecidos fora de hora, duas ou três da manhã, e conta que se lembra das luzes das câmeras e do tumulto nos três depoimentos que concedeu na Delegacia de Defesa da Mulher. Ela e o filho não assistem TV e evitam internet.
Os problemas financeiros se acumulam. Najila deixou seu antigo apartamento, na zona sul de São Paulo, no final do mês de junho. Ela foi condenada em uma ação de despejo no dia 30 de maio por falta de pagamento. A dívida gira em torno de R$ 26 mil em aluguéis atrasados relativos ao período de agosto de 2018 a fevereiro de 2019. Ela se mudou para um lugar menor e acha que ainda não é o momento de voltar a ser modelo.
No mês passado, Najila teve de deixar a reclusão de sua nova casa para comprar material escolar e uniforme para o filho. Reinício das aulas após as férias de julho. Amigos que estavam com ela nas compras contam que algumas pessoas xingam a modelo e dizem que Neymar é inocente. Outros sorriem – nem todo mundo condena a modelo.D