Um encontro realizado na última terça-feira, 16, entre o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, e o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o médico baiano Marcos Leão, discutiu estratégias para melhorar os indicadores de cirurgia bariátrica e metabólica no estado. Na reunião, foi decidido que o Hospital Metropolitano de Lauro de Freitas, a ser inaugurado em dezembro deste ano, irá realizar 120 cirurgias metabólicas por ano para o tratamento de Diabetes Tipo 2, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
O encontro tinha o objetivo de discutir alternativas para melhorar o baixo número de cirurgias bariátricas realizadas no estado pelo SUS e tentar implementar a cirurgia metabólica para pacientes com Diabetes mellitus Tipo 2 (DMT2). A obesidade é um fator que contribui para o desenvolvimento do diabetes e dados da SBCBM apontam que mais de 80% dos pacientes com a doença estão acima do peso. Assim, segundo o presidente Sociedade Baiana, o procedimento controla o peso, a glicemia, a dislipidemia e a pressão arterial.
Dados do DATASUS apontam que a Bahia apresenta um dos mais baixos números de cirurgias bariátricas no país. Segundo as estatísticas, em 2018 foram realizadas apenas 23 cirurgias. “A Bahia tem uma prevalência de obesidade de aproximadamente 20%, o que dá mais de 3 milhões de obesos no estado. Desses, calcula-se que quase 300 mil pessoas sejam elegíveis para a cirurgia, ou seja, apresentam critérios clínicos para serem operados”, acrescenta Marcos Leão.
O cirurgião baiano ainda chama atenção para o fato de que cerca de 20% da população do estado tem acesso a algum plano de saúde. “Imagine a quantidade de gente que não consegue acesso ao único tratamento eficaz para a obesidade grave disponível no mundo”, questiona.
Leão conta que o secretário da Saúde Fábio Vilas-Boas explicou sobre a dificuldade do Estado da Bahia (SESAB) em conseguir suprir todas as necessidades de saúde da população, por conta da carência no orçamento público anual destinado ao setor. Além disso, há uma preocupação da secretaria com o acompanhamento de pacientes operados. “O secretário ficou de estudar uma alternativa para melhorar esses números e ampliar o atendimento pré e pós operatório ao paciente bariatrico”, esclarece o cirurgião.
Quando questionado sobre as diferenças entre a cirurgia metabólica e bariátrica, o médico explica que são quase a mesma coisa, entretanto, a metabólica tem o foco no tratamento do diabetes. Segundo ele, os pacientes com DMT2, independente do grau de obesidade, apresentam bons resultados com o tratamento cirúrgico. “E mesmo aqueles que não conseguem obter uma resolução definitiva, costumam obter um controle muito melhor, passando a não precisar de insulina e reduzindo a quantidade de medicações”, diz ele, explicando que o procedimento promove uma resolução plena a longo prazo em muitos pacientes que não conseguem controlar a doença com dieta e remédios.
Com previsão de obras a serem concluídas no mês de dezembro deste ano, o Hospital Metropolitano deverá iniciar realizando 10 cirurgias metabólicas por mês. Com o apoio da SBCBM, o Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (CEDEBA) deverá montar um protocolo para selecionar, preparar e acompanhar os pacientes que forem passar pelo procedimento.
Marcos Leão destaca que o metódo se trata de algo inédito na Bahia e um dos primeiros serviços públicos do país destinados ao tratamento cirúrgico do diabetes. “No mês passado foi inaugurado em Brasília, no Hospital da Asa Norte, o primeiro serviço desse tipo no país. A Bahia será o segundo”, ressaltou.