Operação da PF prende Joesley Batista e vice de MG

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A Polícia Federal investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff

A Polícia Federal prendeu, nesta sexta-feira (9/11), o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), e o executivo da J&F Investimento Joesley Batista, em desdobramento da Operação Lava-Jato. Ricardo Saud, ex-diretor da J&F, também é alvo de um mandado de prisão, mas está fora do país e não foi localizado até as 7h30 da manhã.

A Operação, denominada Capitu, investiga um suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura (MAPA), durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que na época era comandado por Antonio Andrade.

Ao todo, são cumpridos 62 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso do Sul. Joesley foi preso em São Paulo e Andrade, no interior de Minas Gerais, na cidade de Vazante.

O deputado estadual reeleito João Magalhães (MDB/MG) também foi preso na operação e a polícia faz buscas no gabinete dele. O nome do mineiro já havia sido citado na Lava-Jato no ano passado, em razão da divulgação de um áudio em que ele cobrava uma propina de R$ 4 milhões de Ricardo Saud. Antes de chegar à Assembleia Legislativa, Magalhães foi deputado federal por quatro mandatos.

A PF prendeu ainda o executivo da JBS Demilton de Castro e o deputado federal eleito Neri Geller (PP/MT), que foi ministro da Agricultura em março e abril de 2014 também está preso.

A Operação se baseou em delação de Lúcio Bolonha Funaro – doleiro ligado ao MDB – sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no MAPA em 2014 e 2015. A organização criminosa atuava na Câmara dos Deputados e no MAPA e era formada por empresários e executivos da JBS.

“Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do MAPA e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado”, informou a PF. A JBS teria pago, por exemplo, R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos e outros R$ 5 milhões pela proibição de um remédio de parasitas de longa duração.

O empresário Joesley Batista já havia sido preso em setembro de 2017 depois que a Procuradoria Geral da República (PGR) rescindiu o acordo de delação premiada por suposta omissão de informações nos depoimentos. O empresário foi solto em março por decisão do juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12 vara da Justiça Federal de Brasília.

O advogado de Joesley, André Callegari, disse que recebeu o pedido de prisão com surpresa e que o empresário é colaborador da Justiça. “Joesley Batista é colaborador da Justiça e tem cumprido à risca essa função. Portanto, causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração. A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários”, comentou a defesa por meio de nota.

Por que Capitu?

A operação foi batizada com o nome da famosa personagem de Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, porque a PF verificou que empresários e funcionário da JBS, que inicialmente atou um colaboração premiada com a política, teria praticado atos para obstruir a Justiça e prejudicar as investigações. No livro de Machado de Assis, Capitu é uma personagem dissimulada e acusada de traição por Bentinho.

 

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