Os 22 distritais que tentarão a reeleição, uma cadeira na Câmara dos Deputados ou uma vaga no Senado, arrecadaram, até ontem, R$ 5.360.920 para desembolsar com despesas de campanha, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cerca de 75% deste montante, ou seja, R$ 4.016.870, provêm do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), abastecido por recursos públicos. As cifras, no entanto, podem ser ainda maiores, pois três concorrentes não prestaram contas à Justiça Eleitoral.
Candidata à deputada federal, Celina Leão (PP) é, por ora, a campeã de recolhimento. A parlamentar tem R$ 1 milhão, recurso transferido pelo próprio partido. A doação reflete a preocupação das legendas com a eleição de representantes na Câmara dos Deputados devido à cláusula de barreira, norma que estabelece um desempenho eleitoral mínimo para o acesso ao tempo de propaganda gratuita e ao fundo partidário. Até o momento, a distrital desembolsou R$ 60 mil com serviços prestados por terceiros.
Na disputa por uma cadeira na Câmara Legislativa, Julio Cesar (PRB), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, angariou R$ 287.044, dos quais R$ 280 mil foram doados pelo Diretório Nacional da legenda. Outros R$ 6.524 são provenientes da Direção Distrital do partido e R$ 520, de vaquinhas on-line. O distrital torrou parte do montante. Direcionou, a exemplo, R$ 23,8 mil à publicidade por adesivos e mais R$ 9 mil a atividades de militância e mobilização de rua.
Também no páreo, Professor Israel (PV) garantiu R$ 242,5 mil. Desde o início da campanha, em 16 de agosto, usou R$ 67.152,45 com publicidade por materiais impressos. Destinou, ainda, R$ 40.096 a correspondências e despesas postais; R$ 29,5 mil a publicidade por adesivos; R$ 28 mil a pessoas físicas; R$ 26.893 à prestação de serviços por terceiros. Na disputa a deputado federal, o teto de gastos é de R$ 2,5 milhões.
Milionários
Na corrida pela Câmara Legislativa, o PR investiu alto nos principais candidatos. As campanhas dos concorrentes, neste caso, podem custar R$ 1 milhão. Correligionários, Agaciel Maia e Bispo Renato Andrade receberam R$ 900 mil, cada. Contudo, ainda não discriminaram os gastos. Apesar de integrar a mesma legenda, Sandra Faraj, ligada à Comunidade Cristã Ministério da Fé, foi beneficiada com um valor menor: R$ 250 mil.
Candidato pela segunda vez, Rafael Prudente (MDB) ainda não dispõe de recursos da legenda. Os R$ 360 mil investidos em sua campanha saíram do bolso de familiares. Pai do emedebista, Leonardo Prudente, condenado por improbidade administrativa na Operação Caixa de Pandora e flagrado em filmagens com dinheiro nas meias, doou R$ 230 mil. Tio dele, João Bosco Prudente desembolsou mais R$ 80 mil. Os demais R$ 50 mil vêm de José Luiz Prudente. Até então, o maior gasto do distrital deu-se com combustíveis e lubrificantes: R$ 29,1 mil. Correligionário de Prudente, Wellington Luiz declarou o recebimento de R$ 7,1 mil, mas não especificou despesas.
Segundo distrital mais votado em 2014, Robério Negreiros (PSD) tem, em caixa, R$ 525 mil. O pessedista investiu R$ 150 mil na própria campanha. Conta, ainda, com mais R$ 150 mil transferidos pelo pai, Robério Negreiros, condenado na Operação Sentinela por supostas fraudes em licitações do Tribunal de Contas da União. O restante do dinheiro saiu de outras três pessoas físicas.
Aposta do PRB, Rodrigo Delmasso detém R$ 90.921. Empresário e candidato ao Senado na chapa do parlamentar, Fernando Marques (Solidariedade), é responsável pela transferência de R$ 50 mil deste montante — mais rico da disputa por cargos eletivos, o postulante à cadeira de senador declarou ao TSE dispor de R$ 667 milhões e tem financiado campanhas de aliados. A maior despesa de Delmasso, cerca de R$ 45,5 mil, é decorrente de publicidade por materiais impressos.
Integrante do partido do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), Luzia de Paula tem à disposição R$ 175 mil, dos quais R$ 71 mil saíram da Direção Distrital da legenda. A socialista usou R$ 7,4 mil com a publicidade de materiais impressos e direcionou R$ 3,2 mil a pessoas físicas. Reginaldo Veras (PDT) tirou do próprio bolso os R$ 41 mil investidos na campanha. Contudo, não declarou despesas. O também pedetista Cláudio Abrantes dispõe de R$ 56.165, transferidos por pessoas físicas ou vaquinhas virtuais.
Telma Rufino (Pros) recebeu da Direção Nacional do próprio partido R$ 75.870. Chico Vigilante (PT) atestou o recebimento de R$ 15 mil. Nenhum dos dois descreveu gastos. Também petista, Ricardo Vale faturou R$ 11,5 mil e teve, como maior despesa, a publicidade por meio de carros de som, a qual totalizou R$ 1,5 mil. Lira (PHS) ganhou R$ 27 mil — do montante, R$ 22 mil foram investidos em propaganda por material impresso. Cristiano Araújo (PSD), Juarezão (PSB) e Raimundo Ribeiro (MDB) não prestaram contas, segundo o sistema do TSE.
No páreo pelo Senado, disputa em que o teto de gastos é de R$ 3 milhões, Wasny de Roure (PT) conquistou R$ 130 mil da Direção Nacional petista, mas não elencou gastos. Chico Leite (Rede) atestou o acúmulo de R$ 266.320 mil, sendo R$ 260 mil provenientes da Executiva Nacional da legenda. – CB