onvocado após denúncias de desvios de dízimos e doações na Diocese de Formosa, o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau forjou um relatório das contas questionadas anunciando que “auditoria rigorosa” apontou não haver nenhuma irregularidade, de acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO). O padre foi um dos nove presos nesta segunda-feira (19), durante a Operação Caifás. A estimativa é de que o esquema tenha causado prejuízo de mais de R$ 2 milhões aos cofres da Igreja Católica.
“[O juiz eclesiástico] Veio [de São Paulo] com um objetivo: intimidar de forma definitiva os padres e fazer com que eles fizessem, como de fato muitos fizessem, um juramento de fidelidade ao bispo [Dom José Ronaldo, apontado como líder do esquema]”, explicou o promotor Douglas Chegury.
“Chamados nominalmente, [os padres] deveriam responder se estavam com o bispo ou contra o bispo, não era com a igreja ou contra igreja. Isso aconteceu em uma reunião a portas fechadas”, completou.
De acordo com o MP-GO, havia “clima de terror e opressão” e ameaças de retaliação, transferências e até perda de ministério aos clérigos que não se calassem ou não demonstrassem apoio ao bispo.
A imprensa procurou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para saber que providências serão tomadas após a denúncia, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do juiz eclesiástico.
As apurações apontam que o grupo age desde 2015. As investigações começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.